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Subindo o Mont Batur

Para os balineses quanto mais alto, mais perto dos deuses você está. Talvez esse seja o motivo (ou não) de um dos passeios mais conhecidos da ilha dos deuses ser a escalada dos vulcões.

Bali possui vulcões ainda ativos, os principais são o Mont Agung, o lugar mais alto da ilha, com 3.142m de altura, e o Mont Batur, com 1.717m. Eles ficam praticamente um de frente para o outro e as paisagens são belíssimas! A subida do Batur é bastante popular, já do Agung requer um bom preparo físico e equipamentos especiais, já que a temperatura no topo chega bem perto dos zero graus.

O Mont Batur fica na região de Kintamani, nordeste da ilha, não muito longe para quem está em Ubud ou no leste de Bali, mas o passeio é vendido em toda a lha. O tour é amplamente oferecido na região, em todas as agências ou banquinhas de turismo tem um panfleto ou um cartaz. Diversas empresas fazem esse mesmo passeio e a diferença está basicamente no café da manhã. Eu fiz pela Pineh Bali Tours e gostei bastante.

O passeio começa cedo (ou tarde, depende do ponto de vista). A van passa para pegar as pessoas nos hotéis às 2h da madrugada (na região de Ubud), a essa hora o único barulho na rua era do cachorro revirando os sacos de lixo e de 3 gringos voltando de um bar. Depois de pegar todo mundo a van segue direto para o local onde é servido o café da manhã – panquecas de banana e café ou chá. Fica a dica: não tome todo o chá que eles servem, é uma caneca grande e não tem banheiro no vulcão. Não sei você, mas para mim chás tem um efeito diurético enorme! Mais uma dica: as pessoas não vão pra Bali preparadas para o frio. Se você não está bem agasalhado, esse é o lugar para alugar uma blusa. É sua última chance de não passar frio no topo.

Depois de alimentados, a van segue para o estacionamento que fica perto da base do Mont Batur, onde conhecemos o grupo de guias que irá acompanhar durante a subida e recebemos as instruções. Cada grupo tem cerca de 12 pessoas e 3 guias que realmente cuidam do grupo. Achei isso bem bacana! A agência fornece lanternas e garrafas da água, então fica uma preocupação a menos para os preparativos.

Tudo preparado, chega a hora de começar a caminhar. A trilha tem 5km de extensão e a subida leva cerca de 2 horas, das 4h às 6h, mais ou menos. O começo é bem fácil, uma longa caminhada plana é praticamente a primeira metade da trilha, até chegar ao início das subidas. A cada 20 ou 30 minutos o guia faz uma parada para água e descanso, mas no segundo stop o grupo já está disperso. Alguns sobem em um bom ritmo, outros vão mais devagar e os guias se dividem para acompanhar todo mundo.

A subida é puxada! Todo o caminho é em rochas vulcânicas bem irregulares e cheio de pedras pequenas que escorregam bastante, os degraus são altos e há muitas curvas. O segredo é ir no seu ritmo, não se preocupe se não conseguir acompanhar o grupo, basta seguir a trilha que é bem demarcada. Os últimos 700m são os mais difíceis, o corpo já está cansado, a subida fica ainda mais íngreme e as pedras dão lugar às cinzas. É como andar na areia fofa, o pé afunda e depois de 10 passos parece que você não saiu do lugar.

E depois de longas 2 horas, enfim o topo do Mont Batur é alcançado! A primeira coisa que você percebe é que a temperatura está perto dos 10°C e todos dizem a mesma coisa: eu não esperava passar frio em Bali! Lembre que sua roupa provavelmente estará molhada de suor e que lá em cima venta muito.

Esperando o nascer do sol

 

Chegando ao topo, procure um lugar para esperar o sol nascer. Essa espera vai depender da sua velocidade de subida – quanto mais rápido subir, mais vai esperar, mas também vai conseguir os melhores lugares. A vista mais bonita fica nos pontos mais altos, mas são os lugares onde mais venta e o frio me fez descer um pouquinho. Mesmo assim consegui um lugar bacana!

Para relaxar e esquentar há um serviço de venda de chá e café quentinhos lá em cima! A segunda parte do café da manhã também foi servida lá – sanduíche de banana e um ovo cozido no vapor do vulcão.

Quando começa a clarear a linda paisagem começa a se revelar. Um lago, o Mont Agung bem em frente e lá longe dá pra ver o vulcão que fica em Lombok. E logo o céu começa a ser tingido com cores alaranjadas, sinalizando que o sol vem aí! É só apreciar o espetáculo.

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E lá vem ele!

 

Com as energias renovadas, barriga cheia e pernas um pouco descansadas, chega a hora de fazer todo o caminho de volta. É incrível ver todo o percurso que antes foi percorrido só com a luz de lanternas, eu passei toda a descida pensando “eu subi mesmo tudo isso?”. Aquela famosa frase que diz que para baixo todo santo ajuda não funciona muito bem aqui, a descida também não é das mais fáceis. A parte de cinzas em que você não saia do lugar quando estava subindo é completamente o contrário para descer, em um passo você desliza 1 ou 2m para baixo, cuidado para não atropelar o amiguinho da frente! As pedrinhas que escorregavam na subida são ainda piores na descida e mesmo os guias que fazem isso todo dia deram algumas derrapadas. Haja joelhos!

O Mont Agung e o lago são muito fotogênicos e cada curva merece uma nova foto, já que na ida era impossível vê-los. No caminho de volta ainda paramos para ver os macacos que vivem por ali e é claro que estão esperando ganhar comida. Também paramos para ver alguns pontos com vapor que vem de dentro do vulcão, lembra que ele é ativo? A última erupção foi em 2000, não há tanto tempo atrás.

Mont Agung, o ponto mais alto de Bali

 

Os últimos quilômetros são planos e fáceis, mas é aquele momento em que você se pergunta a cada minuto “será que falta muito?”. Depois de trocar uma noite de sono por um belo trekking, entrei no carro e dormi todo o caminho de volta até chegar no hostel. Afinal, são 10h da manhã e o dia só está começando!