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Roteiro: Japão em 15 dias

Se tem um lugar que eu volto sempre que tiver oportunidade, esse lugar é o Japão. Passei 3 meses lá em um programa de trabalho temporário e depois de alguns anos voltei duas vezes para passear. Apesar de já ter visto muita coisa, o país do sol nascente ainda se mantém na minha lista de lugares a visitar.

Veja abaixo uma sugestão de roteiro para uma viagem de 15 dias, mas antes disso algumas dicas para te ajudar a planejar.

Se você ainda não leu, veja o post 10 coisas que você precisa saber antes de ir para o Japão, lá tem algumas dicas bacanas que falam principalmente do choque cultural. Além disso, alguns outros fatores são importantes no planejamento da sua viagem. Você já definiu qual a época vai? Diferente do Brasil, o Japão possui as estações bem definidas. O inverno é realmente frio e uma boa época para quem quer esquiar ou conhecer as esculturas de gelo de Hokkaido, já o verão é quente, úmido e chove bastante, mas é a temporada em que abrem as trilhas para escalar o Monte Fuji. A primavera é uma ótima escolha, quando as famosas flores de cerejeira desabrocham, e o outono é colorido pelas árvores avermelhadas, as paisagens ficam lindas.

Dica importante: para esse tipo de viagem com várias cidades em um período de tempo relativamente curto o JR Pass vale muito a pena. A primeira vista ele não é barato, mas mesmo assim vai te economizar dinheiro se comparar com a soma de todos os trajetos separados. Compre antes de sair do Brasil, pois ele só é vendido para turistas (com visto de turista) e fora do Japão, podendo valer por 7, 14 ou 21 dias. Chegando em terras nipônicas, troque seu voucher do JR Pass pelo próprio JR Pass. O roteiro que está abaixo tem Tokyo como última parada, mas ele pode ser feito ao contrário também. Avalie o que é melhor para você.

Outra dica: o quanto você gosta de compras e o quanto isso vai impactar no peso da sua mala? É muito comum no Japão um serviço chamado takyubin. Funciona assim: você leva suas malas até um local que faz esse serviço (é comum e provavelmente a recepção do seu hotel ou hostel vai ter), preenche um formulário (em japonês, peça ajuda), paga uma taxa (que varia conforme a quantidade de volumes e a distância) e diz tchau para suas malas. Ela será entregue no local especificado em 1 ou 2 dias. Isso significa que você pode deixar para fazer a maior parte das suas compras em Tokyo (onde você vai achar praticamente tudo), encher suas malas e despachá-las até o aeroporto, ou seja, nada de carregar malas pesadas dentro do trem (ou qualquer outro meio de transporte). Lembre-se de fazer isso 2 ou 3 dias antes do seu vôo (pergunte o prazo na recepção do seu hotel ou hostel) para não correr o risco de voar sem a bagagem (japoneses são hiper pontuais e dificilmente atrasam a entrega. Pode confiar no serviço). Separe uma malinha pequena com as coisas que vai precisar nesses últimos dias e é só isso que você vai carregar no caminho até o aeroporto. Chegando lá, procure o local de retirada, pegue suas malas e como você vai fazer isso antes do check in, ainda dá tempo de organizar as bagagens e colocar aquele pote de shampoo e o barbeador que ficou na malinha menor dentro da mala que vai ser despachada e não correr o risco de perder esses itens. Esse serviço funciona no país inteiro, mas é óbvio que se você fizer isso de um lugar longe vai sair mais caro e demorar mais, portanto Tokyo é o lugar ideal.

Então vamos ao que interessa: o roteiro!

 

Dia 1 e 2: Deslocamento

O Japão fica do outro lado do mundo e a viagem até lá é longa. São cerca de 25 horas de vôo,  o que pode variar de acordo com a cia aérea e conexões que forem feitas. Não existem vôos diretos e os caminhos podem ser via Estados Unidos, Europa, Oriente Médio ou África. Uma ideia para ser menos cansativo é parar em outro país no caminho por 2 ou 3 dias, se sua agenda permitir. Some às horas de vôo mais 12 horas que serão perdidas devido ao fuso 🙁

Quando trocar seu JR Pass já pergunte sobre o shinkansen (trem-bala) que vai para Hiroshima e siga para o sul do país. Sei que a viagem de avião já foi longa e cansativa e agora ainda tem mais algumas horas de trem, mas depois o único trajeto longo vai ser de volta para casa.

Provavelmente você vai chegar em Hiroshima no final do dia ou já a noite. Aproveite para descansar para aproveitar o dia seguinte.

 

Dia 3: Hiroshima

Garanta sua hospedagem em Hiroshima por 2 noites, pois essa será a cidade base para a região.

Comece a conhecer os pontos turísticos do Japão pelo Parque da Paz. É um local público (ou seja, de graça) e cheio de monumentos sobre a bomba atômica da II GM e que pedem pela paz mundial. Há também um museu (esse pago) que reúne imagens, maquetes, vídeos e documentos sobre a mesma época. É triste e bonito ao mesmo tempo. Vale a visita.

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Hora de relaxar e ver algo mais light. Não longe dali fica o Shukkeien Gardens, um jardim japonês lindo, ótimo lugar para um passeio e para fotos. Outro lugar que você não pode deixar de ir é o Castelo de Hiroshima, para conhecer um pouco da história do país na época dos samurais.

O prato típico de Hiroshima é o okonomiyaki, uma panqueca japonesa feita na chapa. Você vai encontrar esse mesmo prato por todo o país, mas nenhum deles se compara ao da cidade.

A-bomb Dome, prédio destruído pela bomba atômica, em Hiroshima
A-bomb Dome, prédio destruído pela bomba atômica, em Hiroshima

 

Dia 4: Miyajima

Miyajima é uma ilha que fica próxima a Hiroshima e dá para fazer um bate-volta. Para chegar é preciso pegar um trem e depois um ferry (o JR Pass cobre todo esse trajeto).

Se você fez uma rápida pesquisa sobre o Japão, com certeza você já viu alguma foto do famoso toori, um portal sagrado que fica na água. Aproveite o passeio para dar uma volta no Santuário de Itsukushima e também suba o Monte Misen, o lugar mais importante de Miyajima. Existem várias trilhas e também um teleférico (pago a parte) que te deixa lá em cima. A vista é bem bonita, se você tiver sorte com o tempo (eu não tive).

Passe pelo centro comercial da ilha, cheio de lojinhas com souvenirs e doces. Há ainda outros pontos que podem ser visitados, mas esses são os principais.

Toori sobre a água em Miyajima

 

Dia 5, 6 e 7: Kyoto

Existem dois lugares que não podem ficar fora do seu roteiro e um dele é Kyoto (o outro é Tokyo). Faça seu check-out em Hiroshima cedinho e pegue o shinkansen para Kyoto (use o JR Pass). A estação central de Kyoto é enorme e super moderna, um grande contraste com a cidade que reúne a cultura e tradição do Japão.

Kyoto tem muitos templos e santuários. Muitos mesmo e você não vai conseguir ver todos em 3 dias (talvez nem em um ano inteiro isso seja possível). Alguns são no meio da cidade, outros mais afastados, tem de tudo! Os principais eu citei no post Templos de Kyoto. Outro ponto alto da cidade são as geixas e todo seu mistério, que também falei sobre no post A Tradicional cidade de Kyoto.

Reserve um tempinho para conhecer a estação de trem (de preferência não na chegada nem na saída, para não ficar carregando as malas). É quase um shopping e conta com lojas, restaurantes e uma infinidade de coisas. O centro da cidade também está cheio de lojinhas de decoração, artesanato, comidas, souvenirs, templos etc. Que tal ter um dia de maiko? Veja o post em que falo dessa experiência.

Kinkaku-ji, o templo dourado, Kyoto
Kinkaku-ji, o templo dourado, em Kyoto

 

Dia 8: Nara e Osaka

Mantenha Kyoto como base para visitar essas duas cidades. Logo pela manhã vá para Nara, são poucos minutos de trem (JR Pass de novo). O que você precisa visitar é o Nara Park, um parque com templos bem bonitos e cheio de cervos que andam livremente. O parque é grandinho, mas uma manhã é suficiente para fazer o principal.

De Nara, siga para Osaka. A cidade é grande, é a segunda maior do Japão, e no restante do dia dá para conhecer o Castelo de Osaka, o principal ponto turístico da cidade, que sofreu com guerras e incêndios e hoje é um museu. Um lado mais moderno é o Umeda Sky, com seu elevador panorâmico de alta velocidade até o observatório, de onde se tem uma bela vista da cidade. Uma das ruas mais conhecidas é a Dotombori, famosa por seus restaurantes e vida noturna. Aproveite para jantar por lá, antes de voltar para Kyoto. Se tiver com a agenda mais folgada, dedique mais um dia para Osaka.

Castelo de Osaka
Castelo de Osaka

 

Dia 9: Hakone

Mais uma vez chega a hora de fazer check-out e a próxima parada é Hakone. O forte da região é ficar hospedado em um ryokan, que são hotéis tipicamente japoneses, o que significa dormir em tatami e ir para o onsen (banho quente coletivo), em que todos ficam imersos na água para relaxar e desestressar. Geralmente há uma divisão de homens e mulheres e é preciso entrar na água sem roupa (não pode sunga nem biquini). Verifique como chegar, pois a região é cheia de subidas e descidas e o meio de transporte local é o cablecar. Outra opção é já se hospedar em Tokyo, pois Hakone fica há menos de 1 hora de shinkansen da capital.

Hakone fica aos pés do Monte Fuji, o ícone mais conhecido do Japão. Seria uma pena ir até lá e não apreciar toda sua simetria, mas isso é bem possível se você tiver azar com o tempo. Cruze os dedos! Em dias muito encobertos não é possível ver o Fuji-san (é assim que os japoneses o chamam), então torça para que o dia esteja bonito!

Owakudani é a região mais conhecida, famosa por seus ovos pretos e com belas vistas do Fuji. De lá também partem passeios de barco pelo Lago Ashi. Uma visita ao Hakone Open Air Museum também é bem interessante!

Se tiver mais uns 2 ou 3 dias dá para escalar o Monte Fuji. A subida é bem puxada e um bom preparo é fundamental. Você vai precisar de um dia inteiro entre subida, descida, paradas para descanso e deslocamentos e o percurso começa a noite. Vale lembrar que as trilhas só abrem no verão (julho e agosto).

Monte Fuji visto de Hakone
Monte Fuji visto de Hakone

 

Dias 10 a 14: Tokyo

Se você ficou hospedado em Hakone, chega hora de ir para Tokyo. Se já estiver em Tokyo, é hora de explorar a cidade e seus arredores. Há muito o que fazer na capital e também muitas coisas próximas. Talvez 5 dias seja pouco tempo para tudo, então veja o que acha mais interessante.

Leia também: O que fazer em Tokyo

Tokyo é grande (a maior cidade do país), mas muito bem servida pelo transporte público. É possível fazer tudo usando trens, metrôs e a sola do seu sapato. Mais uma vez, o JR Pass vai te ajudar a se locomover pelo local.

A capital guarda alguns bairros bem peculiares como Akihabara (o bairro dos eletrônicos), Shinjuku (o centro financeiro), Shibuya (com um dos cruzamentos mais famosos do mundo e um grande centro de compras), Ginza (o bairro chique e sofisticado de Tokyo), Harajuku (com pessoas vestidas de forma um tanto quanto alternativa), e por ai vai.

Não deixe de visitar o Parque Ueno, cheio de sakuras (flores de cerejeira) durante a primavera e onde você encontra o zoológico e o Museu Nacional de Tokyo, entre outras atrações. Outro ponto que é parada obrigatória é o Palácio Imperial e a Ponte Nijubashi, um lado mais tradicional e histórico da cidade. Um dos locais mais conhecidos é a Tokyo Tower, em que você pode subir e ter belas vistas da capital nipônica. Vistas aéreas também são boas em Roppongi Hills e com sorte dá até para ver o Monte Fuji lá longe, e o Sky Tree, arranha-céu inaugurado há poucos anos.

Ainda merecem visita a região de Asakusa, com o templo Sensoji, o famoso mercado de peixes de Tokyo, Tsukiji Fish Market, e a região de Odaiba, ilha futurista cheia de exposições e tecnologia, ligada à cidade pela Raibow Bridge (também tem acesso de barco).

Há muitas outras coisas para fazer em Tokyo, essas são algumas opções e os principais highlights. Dentro das estações de metrô e trem existe uma outra cidade, é muito fácil se perder por lá. Ali você encontra uma infinidade de lojinhas de souvenirs e de doces, além de restaurantes com preço bem acessível e serviço rápido. Uma boa opção para almoçar rapidinho e curtir os atrativos da cidade. Deixe uma refeição que demora mais para a janta.

Odaiba, Tokyo
A futurista Odaiba, em Tokyo

 

Ufa! E ainda não acabou… Nos arredores de Tokyo tem algumas cidades interessantes em que você pode fazer um bate-volta (adivinha? De trem e usando o JR Pass). Veja algumas opções:

Kamakura –  essa cidadezinha fica também perto de Tokyo e é famosa pelo daibutsu, um buda gigante de mais de 13m feito de cobre. Muitos outros templos e santuários são encontrados por lá, inclusive um dedicado à proteção das crianças e outro com um lindo jardim de bambus. É um passeio de dia inteiro, mas dá para jantar em Tokyo.

Nikko – a principal atração do local é o Toshogu, um templo de madeira todo esculpido por artesãos, riquíssimo em detalhes por todos os lados em que você olhar. A famosa Shinkyo Bridge fica lá perto. Esse também é um passeio de dia inteiro.

Yokohama – essa é a segunda maior cidade do Japão e fica pertinho de Tokyo, menos de 1 hora. Tire um dia inteiro para conhecer a cidade (ou parte dela). O aquário de Yokohama vale a visita, assim como o museu do ramen (um prato típico japonês). A famosa roda gigante que aparece em muitas fotos do Japão fica lá, deixe para dar uma volta no fim do dia para ver a cidade iluminada lá de cima.

Daibutsu, o buda gigante de Kamakura
Daibutsu, o buda gigante de Kamakura

 

Dia 15:  Retorno

E chega a hora de voltar 🙁 . Da cidade é fácil chegar no aeroporto de trem ou vans fretadas. A forma mais barata é o shuttle bus (Keisei  ou The Access Narita) que parte de Ginza e Tokyo Station. Lembre que se tiver com muita bagagem dá para usar o takyubin.

 

Tudo que é bom passa muito rápido, mas tenho certeza que essa viagem vai deixar ótimas memórias na bagagem! Se você prefere uma viagem mais estilo slow travel, escolha apenas alguns lugares ou fique mais que 15 dias.

 

Onde se hospedar no Japão

Vou deixar aqui algumas dicas de lugares para ficar durante sua visita ao Japão.

Em Tokyo: Tokyo Ginza Bay Hotel (hotel cápsula), Khaosan World Asakusa Ryokan & Hostel (hostel) e The B Tokyo Asakusa (3 estrelas).

Em Kyoto: The Millennials Kyoto (hotel cápsula), Khaosan Kyoto Guesthouse (hostel) e Rinn Gion Kenninji (3 estrelas).

Em Hiroshima: Sejour Inn Capsule (hotel cápsula), Hostel Mallika (hostel) e Hotel Granvia Hiroshima (3 estrelas).

 

Veja também os outros posts sobre o Japão aqui.

 

Dicas, dúvidas ou sugestões? Deixe aqui nos comentários!

 

 

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