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O que você precisa saber antes de ir para o Sudeste Asiático

O sudeste asiático é uma caixinha de surpresas. Mesmo! Fascinante e caótico ao mesmo tempo, o paraíso dos mochileiros, de quem busca loucura ou elevação espiritual. Diversidade define. Contrastes intrigam. Choque cultural faz parte. E esse conjunto de pequenos e não tão pequenos países, cada um com suas tradições e cultura, tem algo em comum.

O mais turístico, conhecido e cada vez mais em alta é a queridinha Tailândia. Não sei explicar o que esse país tem, mas ele marca e muda vidas. É fácil achar relatos desse tipo por aí e comigo não foi diferente. O Camboja me surpreendeu, pela sua história sofrida e seu povo sempre gentil e com um sorriso no rosto. O Laos é encantador, foi paixão à primeira vista e o Vietnã se define em caos, guerras e belezas naturais. Singapura é um pedaço da Europa que foi parar no meio da Ásia, já a Indonésia é aquele tudo junto e misturado em uma combinação que não podia ficar melhor! A Malásia pra mim foi uma caixa de experiências. Adicione a essa lista as Filipinas e Myanmar, que ainda não tive a oportunidade de conhecer e está feita a salada do sudeste asiático.

Leia também: Sudeste asiático: vistos

Como disse, cada país tem a sua cultura própria (muitas vezes, cada pedacinho de um país é diferente do outro), idioma, moeda etc, mas em alguns pontos eles se parecem.

 

Motos 

Com exceção de algumas cidades como Singapura e das grandes capitais como Bangkok, na Tailândia, e Kuala Lumpur, na Malásia, saber pilotar uma moto pode ser bem útil! Além de te dar liberdade para fazer as coisas no seu tempo, você vai economizar uma graninha com tours e guias.

O aluguel geralmente é bem barato (em alguns lugares chega a ser 1 ou 2 dólares/dia) e as exigências são mínimas. Talvez peçam para você usar o capacete. Talvez apenas. Carteiras de habilitação não são checadas e se você não souber pilotar, pode pedir uma aula de 10 minutos e sair motorizado. Só tenha em mente que a probabilidade do trânsito ser caótico é bem grande.

Tome cuidado com os golpes aplicados pelos policiais (a corrupção rola solta lá). Em alguns lugares eles vão te parar e te dar uma multa sem motivos. Você pode estar com capacete, dentro da velocidade, com toda a documentação, mas eles vão achar uma desculpa para tirar dinheiro dos turistas.

E logo você percebe que não existe lei de trânsito (ou no mínimo, elas não funcionam). Capacete nem sempre é usado, tem crianças pilotando por aí (e não são poucas), farol vermelho é enfeite de rua, calçada não é exclusividade de pedestre e as motos carregam qualquer coisa – da família de 5 pessoas mais as galinhas à fogão, geladeira e botijão de gás.

Falando em caos, eu evitaria alugar uma moto nas cidades grandes do Vietnã, como Hanói e Ho Chi Minh City. Pelo menos nos primeiros dias, até você se acostumar com a loucura. #ficaadica

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Algumas das 6 milhões de motos de Ho Chi Minh City, no Vietnã

 

Golpes

No geral, o povo do sudeste asiático é muito gentil, prestativo e sempre ajudam com um sorriso no rosto. Porém, é preciso tomar cuidado em alguns casos. Os golpes consistem em enganar turistas para ganhar dinheiro em cima. Abordagens armadas e sequestros relâmpagos não fazem parte do mundo deles. Nada que um pouco de atenção e bom senso não resolvam.

Já falamos do caso dos guardas que param motos de turistas para ganhar dinheiro. Policiais corruptos estão nas fronteiras também, cobrando taxas que não existem para carimbar o seu passaporte.

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Taxis, tuk-tuks e afins. Cuidado! Os valores de corrida geralmente são negociados no início, então saiba mais ou menos quanto você deve pagar para não ser cobrado 3, 4 vezes (ou mais) do que é justo. Isso também vale para carros com taxímetro, pois não raro eles estão adulterados e correndo mais rápido do que deviam. E tem o famoso golpe do motorista que diz que vai te levar para o seu destino, mas precisa parar rapidinho em um lugar no meio do caminho. Esse lugar vai ser uma loja com preços abusivos e de onde ele tira uma bela comissão. Apenas diga que quer ir direto ou rejeite a corrida.

Os principais pontos turísticos são pratos cheios para os golpistas. Uma vez eu perguntei para uma pessoa na rua onde ficava a entrada do Grand Palace, em Bangkok. Ele me disse que naquele dia estava fechado, mas ele poderia me levar para outro templo. Mentira! Ele ia me levar para a loja onde ele também ganha comissão. Deixei ele falando sozinho. Detalhe é que ao redor do lugar uma gravação diz o tempo todo que eles abrem todos os dias.

Tem também o golpe em que alguém bem vestido e com um inglês muito bom te aborda para conversar. A pessoa é simpática, o papo agradável e logo vem um convite para tomar um chá. Se você aceitar o convite, vai tomar o chá mais caro da sua vida.

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Grand Palace, em Bangkok. Muitos golpes ao redor.

 

Preços

Se o sudeste asiático é conhecido como o paraíso dos mochileiros, um dos motivos são os preços. Tudo é muito barato, mesmo com o dólar alto e a nossa moeda desvalorizada, ainda assim vale a pena.

Os melhores hostels que fiquei foram por lá. Limpos, organizados, estruturados, bom atendimento e muitas vezes com café da manhã incluso. Paguei, em média, 5 dólares por dia. Refeições em restaurantes simples também ficam nessa mesma faixa de preço, mas se você quiser economizar um pouco mais, tem street food pra todos os gostos por 1, 2 ou 3 dólares. Dá uma passadinha no night market ou no tiozinho que tem o carrinho ou a barraquinha ali na esquina e seja feliz com seu pad thai, sanduíche, panqueca, espetinho, frutas ou seja lá o que for. Já digo que a Anvisa não aprovaria esses lugares, mas não é nada crítico. Eu comi muitas vezes, estou bem, viva e nunca passei mal. Você conhece seu estômago muito melhor que eu, faça o que se sentir confortável.

O negócio da região é pechinchar. Com exceção de lugares com preços tabelados (mercados, lojas de conveniência, redes de fast food etc) o preço é negociável. Isso vale para hostel, agências de turismo, taxis e tuk-tuks, comida de rua e principalmente na compra de souvenirs. Tem lugares que você consegue levar as coisas por bem menos da metade do valor inicial (Tailândia e Camboja, por exemplo, pode negociar), já outros o “desconto” é mais modesto (Laos e Vietnã não são tão adeptos dessa prática). O importante é chegar em um valor justo para os dois lados. Lembre que esse é o trabalho de muita gente e eles dependem disso, mas também não é legal eles te fazerem de idiota só porque você é turista.

Night market de Luang Prabang
Night market de Luang Prabang

 

Religião

Acho que poucos lugares no mundo são tão influenciados pela religião como o sudeste asiático. É possível vê-la no dia a dia, nas tarefas de rotina, no comportamento e atitudes, na vestimenta, nas casas e misturada na cultura local. No geral, os países são predominantemente budistas (com as variações da própria religião). Malásia e boa parte da Indonésia são mulçumanas. Bali é hinduísta.

Locais religiosos estão espalhados por todos os cantos, sejam templos ou mesquitas. Nos países mulçumanos, é bem fácil encontrar mulheres com a cabeça coberta, apesar de boa parte não andar assim na rua. Em Bali, oferendas são colocadas nas portas das casas diariamente para agradar os deuses. E na Tailândia, todas as casas tem pequenos templos ao lado, pelo mesmo motivo.

A gentileza e o sorriso desse povo tem explicação. Eles acreditam em carma, ou seja, o que eu faço para os outros volta para mim. Eles acreditam que quando você fica nervoso ou perde a razão, você perdeu para você mesmo, por isso é muito difícil ver brigas, discussões ou mesmo alguém te dar uma resposta atravessada, mesmo que suas atitudes peçam isso.

Uma vez nesses países, você não precisa acreditar na religião ou concordar com os pensamentos e ensinamentos, mas é preciso respeitar. Você pode estar em um templo como turista, mas eles estão por motivos pessoais, por devoção, participando de rituais etc.

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Templo Tirta Gangga, no leste de Bali

 

Comida

Esse é um item polêmico. Há quem ame, há quem odeie. Eu estou no primeiro time. A comida dessa região é uma mistura de cores e sabores, onde o adocicado e o apimentado convivem bem entre si e com toques cítricos. Dependendo do país, a intensidade varia bastante. Como em toda Ásia, a base da culinária é o arroz.

O fried rice (arroz misturado com carnes, legumes, molhos locais e o que mais você quiser) e o fried noodles (a mesma mistura com macarrão “tipo miojo”) estão em todo lugar – do carrinho da esquina ao menu dos melhores restaurantes – e não tem muito erro. Quando você não quiser se arriscar em algo diferente, já sabe o que escolher. Na verdade, é bem provável que você se enjoe deles de tanto que vai ver.

Para os amantes do curry (eu!) o sudeste asiático é o paraíso. Recomendo o thai green curry para quem curte uma pimentinha e o khmer curry, do Camboja, para quem curte comida adocicada. O massaman curry também é bem popular, mas as opções de misturas aqui são infinitas. Tem curry verde, vermelho, amarelo, branco e muitas outras combinações.

Calma que tem variedade, gente! Muito frutos do mar, carne, frango, peixe, rolinho primavera, frituras sem fim, frutas, legumes e verduras a perder de vista. Para os exóticos, tem larvas, aranha, escorpião e outros insetos fritos ou o ovo de pato. Para quem não quer arriscar, pode ficar na pizza e no spaghetti a bolonhesa (mas de verdade, se dê ao menos uma chance para experimentar a culinária local).

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Khmer curry, o sabor adocicado do Camboja

 

Quer saber quanto custa uma viagem pelo sudeste asiático? o Viajei Bonito responde.

 

Já foi pro sudeste asiático? Quais as suas dicas de lá?

 

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Roteiro de viagem: Vietnã

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The Author

Patricia

Patricia

Patricia é educadora de formação, marketeira de profissão e viajante por paixão. Nascida em São Paulo, já chamou de casa o Japão, a Austrália, o Chile e tem o passaporte carimbado por uma volta ao mundo. Descendente de japoneses com orgulho e ativa na comunidade nikkei, participa de projetos para divulgação do Japão e para o fortalecimento da cultura japonesa no Brasil. Está sempre em busca de boas recordações para adicioná-las à sua bagagem de memórias.

20 Comments

  1. 31/03/2017 at 18:31 — Responder

    Adorei as dicas!!! Sempre fui muito apreensiva com relação a visitar o Sudeste Asiático, mas lendo todas as dicas estou começando a cogitar a visitar um dia…

    • 06/04/2017 at 20:33 — Responder

      O sudeste asiático é um mundo a parte! Sou suspeita para falar, né? Mas sempre digo que vale muito conhecer esse cantinho do mundo, basta se preparar em alguns aspectos.

  2. 31/03/2017 at 18:52 — Responder

    ótimas dicas Patricia, estava realmente pensando em tirar carteira de moto, assim seria uma mão na roda pra quando viajasse pela Ásia. Parece que tudo é mais fácil de se fazer por lá, também gostei de saber sobre os tipos de golpes.

    • 06/04/2017 at 20:34 — Responder

      Não é exatamente necessário, mas é sempre bom ter a carteira sim! Ajuda muito saber andar de moto por lá.
      Dicas de golpes são sempre bem-vindas, né?

  3. 31/03/2017 at 21:10 — Responder

    Ótimo post!
    Nós gostamos tanto do sudeste asiático, que não paramos de pensar em voltar. Se tudo der certo, vamos ainda esse ano.
    Saudades daquela de tudo o que vc mencionou.

    • 06/04/2017 at 20:43 — Responder

      Que maravilha!!!
      Entendo bem esse sentimento de querer sempre voltar para lá. Tenho saudades imensa de lá! <3

  4. Gê Azevedo
    31/03/2017 at 21:26 — Responder

    Muito bom o post, Patrícia. Muito didático e esclarecedor.
    Gostei muito de saber sobre esses tipos de golpes.

    • 06/04/2017 at 20:35 — Responder

      Obrigada, Gê!
      É sempre bom saber para se prevenir contra os golpes, certo?

  5. 01/04/2017 at 23:39 — Responder

    Ai que saudades de viajar pra essas bandas!
    Tô no seu time de quem ama a comida de lá, a única coisa que eu fazia questão de dizer era o “no spicy” porque nunca me dei muito bem com pimenta, mas fora isso, adorei a comida e comi muuuito na rua!
    Adorei o post!

    • 06/04/2017 at 20:48 — Responder

      Compartilho das saudades! <3
      Vc é uma das poucas que não gosta de pimenta e curtiu a comida de lá. É tudo muito bem temperado e condimentado mesmo.

  6. 02/04/2017 at 11:50 — Responder

    Menina, nem me fala dessa história da moto… um casal de amigos, que foi com a gente na viagem, foi multado em Chiang Mai por conta de não ter carteira! E eles sabem quem é turista facinho, né? haha

    • 06/04/2017 at 20:37 — Responder

      O sudeste asiático tem essa cultura da corrupção, infelizmente. Não que seus amigos estejam certos em pilotar sem documento, mas provavelmente os policiais não pararam pra verificar isso. É sempre bom prestar atenção!

  7. 02/04/2017 at 12:47 — Responder

    Que delícia ler sobre a Ásia. Sonho em conhecer todos os países que mencionou, principalmente a Tailândia e a Indonésia. Amo demais o Fried Rice e Pad Thai 🙂 E valeu por mencionar sobre os golpes, é sempre bom viajar informada sobre este tipo de golpe.
    Beijos

    • 06/04/2017 at 20:38 — Responder

      Esse pedacinho do mundo é apaixonante! <3
      E as comidas são deliciosas (se já gosta aqui, vai gostar ainda mais de lá!)
      É sempre bom se precaver dos golpes, né? Informação nunca é demais.

  8. 02/04/2017 at 19:41 — Responder

    concordo com tuudo o que vc falou!! não aluguei moto pelo medo de me ralar inteira, sem falar na treta da corrupção….acho q só sofri com a pimenta na Malásia, Cinga e Bali, até aprender que eu deveria optar pela chinesa em certos lugares ahueaheu emagreci 7 kgs rodando lá! ahh e peguei um pouco de pavor de curry depois de comer tantos com pimenta a mais do que deveria

    • 06/04/2017 at 20:39 — Responder

      Quem não gosta de pimenta sofre um pouquinho mesmo. O paladar deles é bem diferente.
      Não tenho do que reclamar. Eu gosto delas. E amo curry!!

  9. 03/04/2017 at 04:10 — Responder

    Adorei o post e as dicas!
    sudeste asiático tá nos nossos planos.
    Achei engraçado como a crenca tão profunda em karma e golpistas podem coexistir numa mesma sociedade. Contradições da natureza humana, né?

    • 06/04/2017 at 20:40 — Responder

      Pois é… as pessoas lá são diferenciadas, só convivendo com elas para entender.
      Mas como em todo lugar, a regra tem suas exceções. E quando tem dinheiro envolvido, é sempre bom redobrar a atenção.

  10. 03/04/2017 at 16:27 — Responder

    Um excelente post! Ainda não conheço nada por lá, mas a cada dia aumenta minha vontade (que já é gigante)… Não vejo a hora de ver tudo isso de perto! 😉

    • 06/04/2017 at 20:41 — Responder

      Vc vai adorar!!
      Começa a planejar sua viagem pra esses lados!!

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