ÁsiaChiang MaiTailandia

Elefantes na Tailândia

Quando estava planejando minha primeira viagem para Tailândia vi a foto de um turista passeando de elefante e logo coloquei isso na lista de coisas a fazer no país. Fui atrás disso logo que cheguei em Chiang Mai, me diverti horrores, tive um dia ótimo e voltei super feliz. Até eu descobrir que essa prática não é nada legal para os bichinhos e morrer de arrependimento. 🙁

Opções desse passeio não faltam. Eles não acontecem apenas em Chiang Mai, mas em outras partes da Tailândia e também no Laos. E mais, existem enormes diferenças entre eles.

Talvez o mais popular (e o mais sem graça) é o com uma cadeirinha nas costas do elefante. Você apenas senta e curte o passeio de 10, 15, 30 minutos. É bem provável que tenha uma parada para fotos ou para comprar bananas ou outra comida para os bichinhos. É bem turístico mesmo.

elefantes-cadeirinha-tailandia
Elefantes com suas cadeirinhas “esperando” os turistas

Outra opção é um passeio de duração de 1 dia inteiro que começa com a alimentação dos elefantes para ter um contato próximo e para os turistas perderem o medo dos animais. Depois vem um treinamento onde são ensinados comandos para o elefante abaixar, andar, parar etc. Nesse momento os turistas aprendem a montar no elefante sem a cadeirinha, subindo no seu pescoço, e saem para uma caminhada. Geralmente também faz parte da programação um banho de rio. Essa opção tem um investimento maior, mas um contato com os animais bem mais intenso.

passeio-elefante-tailandia
Dia de treinamento e passeio de elefantes

Também existem aqueles lugares com shows em que elefantes pintam quadros, jogam bola, tocam piano etc. Esses que vira e mexe aparecem em um viral no Youtube e tem quem ame, tem quem odeie.

Mas, afinal, o que tem de tão ruim nisso tudo? Muita coisa errada! Vamos lá:

 

Elefantes na Tailândia – o que não fazer

Não vou me aprofundar no show com animais. Eu faço parte do time que odeia esses vídeos. Elefantes não nasceram para pintar quadros, muito menos para jogar bola. Com certeza eles sofreram muito para aprender essas “habilidades” só para alguém ganhar popularidade e dinheiro com eles. Não incentive essa prática nem esses lugares.

O passeio de cadeirinha pode ser divertido para os turistas e render uma boa foto, mas é péssimo para os animais. Por mais que um elefante tenha todo esse tamanho, seu corpo não foi feito para carregar peso nas costas. Essa cadeirinha + o peso das pessoas faz super mal para a coluna dele.

Os elefantes geralmente vêm acompanhados de seu criador, chamado de mahout, e eles usam uma ferramenta com um gancho na ponta, parecida com uma foice, para controlar os animais.

elefantes-ayuthaya
Elefante e seu mahout em Ayutthaya, passeando com turistas

O tratamento dos bichinhos varia muito de lugar para lugar. Em alguns eles são até que bem tratados, em outros são acorrentados, apanham e apresentam ferimentos. Não é difícil encontrar relatos desse tipo, basta uma rápida busca pela internet.

O lugar que fui quando visitei a Tailândia pela primeira vez era um desses acampamentos que fazem passeio de dia inteiro (não lembro o nome do lugar). Eu subi no pescoço deles, participei do treinamento e não posso negar que me diverti sim. Os elefantes pareciam saudáveis, bem alimentados e não estavam machucados. Os funcionários do local pareciam tratar bem os animais (pelo menos na frente dos turistas) e, apesar de usarem a tal ferramenta foice, em nenhum momento foram agressivos ou fizeram movimentos se utilizando da força. O que me foi dito é que a ferramenta não machuca os animais, pois eles têm a pele muito grossa e ela é usada apenas para guiar, como se fosse uma coleira em um cachorro. Não sei dizer se isso é verdade ou não, mas, sinceramente, eu não sai de lá com uma impressão ruim. Então, tudo parecia ok, certo? Certo… até eu descobrir o que acontece antes dos elefantes chegarem aos acampamentos (ou de receberem a cadeirinha ou aprenderem a pintar, jogar bola etc).

Está gostando desse artigo? Que tal curtir o Bagagem de Memórias no Facebook?

Elefantes são animais selvagens e os que os turistas têm contato foram domesticados. Eles são separados das mães ainda filhotes, trancados em jaulas minúsculas onde não têm espaço para se movimentar e são submetidos à situações de extremo estresse – amarrados por cordas, privados de sono, comida e água, além de passar dias apanhando com objetos perfurantes. Depois desse “treinamento” os elefantes perdem seus instintos e passam a obedecer seus donos. A Naty, do 360 meridianos, conta neste post mais detalhes de como é esse processo terrível. 🙁

Lembre-se que ao passear de elefante ou ir a um desses acampamentos você está incentivando e financiando esses “treinamentos”. Os elefantes asiáticos são fofos, mas infelizmente correm risco de extinção.

 

Elefantes na Tailândia – o que fazer

Mas calma! Se seu sonho era ter um contato mais próximo com esses animais lindos nem tudo está perdido. Existem poucos locais sérios que trabalham na recuperação de elefantes que sofreram maus tratos e onde é proibido subir em suas costas ou o uso de ferramentas mahout.

Durante minha volta ao mundo eu passei pela Tailândia 2 vezes e em uma delas fui conhecer o Elephant Retirement Park. Um americano que conheci durante a viagem me falou tão bem desse lugar que me programei para ir assim que cheguei em Chiang Mai. Minha primeira impressão foi “que caro!”, mas valeu cada centavo.

Uma van percorre a cidade para pegar o pessoal para o passeio e logo segue para o local, que fica um pouco afastado do centro. Há uma casa de bambu onde  somos recepcionados com bebidas e também onde recebemos todas as explicações. Eram 7 elefantes no local, incluindo um bebê. A programação do dia é alimentar os animais, buffet de almoço thai (incluído), banho/guerra de lama, banho no rio e preparo para ir embora (um banho de verdade). Há chuveiros no local e eles também emprestam “roupas de guerra”, assim você não suja as suas de lama.

guerra-lama-elefantes
Grupo após banho de lama no Elephant Retirement Park

Os elefantes foram retirados de lugares onde eram maltratados. Um deles tinha um tique nervoso e dava um passo para frente e outro para trás repetidamente. Conversando com o dono do local entendi que esse era o movimento que ele conseguia fazer enquanto estava preso nas minúsculas jaulas e leva algum tempo até ele entender que não passará mais por isso e perder essa mania.

Os animais são super bem tratados lá. Os filhotes ficam sempre junto da mãe e os elefantes são livres para caminhar, mas eles correm mesmo atrás de quem tem comida. E como comem! A alimentação de cada elefante é composta por cerca de 200kg de comida por dia, entre elas muita banana e folha de bambu.

Nong Chiang, o bebê elefante e sua mãe
Nong Chiang, o bebê elefante e sua mãe

Foi um dia muito divertido! Passar esse tempo com os elefantes e entender um pouco mais sobre eles foi incrível. O pessoal que trabalha lá tem bom humor e tiram todas as dúvidas (alguns só falam o idioma local), além de iniciarem a guerra de lama turistas x staffs x elefantes. Adivinha quem ganha? Só digo que não são os turistas #ficaadica

Para uma experiência ainda melhor, há um programa de voluntários que passam uma semana (ou mais) no local ajudando na rotina, seja levando a comida para os elefantes, preparando o almoço, tirando fotos para os turistas ou nos bastidores.

 

 

Outro lugar muito bem recomendado é o Elephant Nature Park. Não conheci o local, mas eles trabalham com uma proposta bem semelhante. Por ser maior e ter mais tempo de experiência, é preciso agendar com antecedência para garantir sua vaga.

 

Você já teve alguma experiência com elefantes? Conta pra gente como foi!

 

* Esse post não foi patrocinado

 

Leia mais:

Bucket list de viagens: já fez a sua?

Os templos de Angkor Wat

Slow boat entre Luang Prabang e Tailândia

Os templos de Bangkok

The Author

Patricia

Patricia

Patricia é educadora de formação, marketeira de profissão e viajante por paixão. Nascida em São Paulo, já chamou de casa o Japão, a Austrália, o Chile e tem o passaporte carimbado por uma volta ao mundo. Descendente de japoneses com orgulho e ativa na comunidade nikkei, participa de projetos para divulgação do Japão e para o fortalecimento da cultura japonesa no Brasil. Está sempre em busca de boas recordações para adicioná-las à sua bagagem de memórias.

No Comment

Leave a reply

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *