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Dicas de Machu Picchu

Machu Picchu, uma das novas sete maravilhas do mundo, a cidade perdida dos incas e um dos destinos mais procurados do mundo, principalmente pelos mochileiros. Eu fui, voltei e digo: vá! Vale a visita!Além de ser um lugar super bonito, ele está cheio de aprendizados e vai ser muito mais que uma foto em um lugar conhecido no seu Facebook. Em uma voltinha por esse parque arqueológico você vai aprender um pouco sobre a história do Peru, dos incas e da colonização espanhola. Cultura e conhecimento são sempre bem-vindos, né?!

Então, veja aqui as dicas para fazer um passeio inesquecível:

Bom, aqui no blog já demos algumas dicas sobre como chegar e também sobre os trens do Peru. Se você não viu, leia, pois vão ajudar nos preparativos. Recomendo também ler os posts sobre Cusco e sobre o Vale Sagrado.

 

Machu Picchu

Antes de mais nada, alguns esclarecimentos sobre o nome Machu Picchu. É uma palavra de origem quechua que significa montanha velha. Na verdade, Machu Picchu é o nome de uma montanha grande e pontuda que fica ao lado das ruínas. Sabe aquela que aparece em todas as fotos? Não é essa! Essa é Wayna Picchu ou Huayna Picchu (cada lugar escreve de um jeito, não sei qual o certo) e significa montanha jovem. As ruínas ficam exatamente entre essas duas montanhas.

A cidade inca na verdade não tem nome, mas o historiador que estudou o local a chamou da cidade aos pés de Machu Picchu (a montanha) e assim o nome ficou. Bom, é claro que se você falar que vai para Machu Picchu todos vão entender que você se refere às ruínas e não à montanha.

A cidadezinha de Aguas Calientes é também conhecida como Machu Picchu ou Pueblo Machu Picchu. Ou seja, quando se fala Machu Picchu pode ser uma montanha, podem ser as ruínas ou pode ser uma cidade.

Um último detalhe: todos os locais pronunciam Matchu Piktchu (já percebeu que eu não entendo muito de fonemas?). Bom, o importante é você entender que o Picchu tem dois “C” porque ele é pronunciado.

A montanha chamada Machu Picchu
A montanha chamada Machu Picchu, alta e pontuda

 

Quando ir?

Evite ir de novembro a março, que é a época de chuvas. As estações do ano não funcionam muito bem lá e o local é marcado por época seca e chuvosa, logo a seca vai de abril a outubro. Julho é provavelmente o mês mais cheio e não por coincidência é o mesmo mês das férias escolares brasileiras. Machu Picchu está cheio dos brazucas!

O clima das montanhas é imprevisível e mesmo em épocas secas pode chover. Só como exemplo, eu fui no começo de maio e peguei um dia lindo lá, desci para almoçar e ainda estava sol, mas fui para a estação de trem embaixo de chuva. Depois de 10 minutos o sol voltou a brilhar como se nada tivesse acontecido.

 

Ingressos

A primeira coisa que você precisa para entrar em Machu Picchu é o seu ingresso. Atenção, ele não é vendido na porta do parque e existe uma limitação de pessoas por dia, portanto você precisa comprá-lo antes e de preferência com uma certa antecedência, principalmente na alta temporada (de maio a setembro). Você pode pedir para uma agência comprar (e pagar as taxas por isso) ou comprar online, diretamente no site oficial, que é do Ministério da Cultura – www.machupicchu.gob.pe. Para comprar pelo site, valem as mesmas orientações do Verified by Visa ou MasterCard Secure Code (veja aqui).

Ao entrar no site, veja que na lateral esquerda tem alguns campos para preencher. Escolha Machu Picchu na primeira e na segunda vai depender do que você quer fazer. Os mais procurados são visita à Machu Picchu e Machu Picchu + Wayna Picchu (a montanha que aparece nas fotos). Você pode subir essa montanha e ter vistas sensacionais lá de cima, as ruínas vão parecer pequenininhas e… não posso falar muito mais que isso, porque eu não subi 🙁 . Mas a hora de decidir se você vai subir ou não é na compra dos ingressos, porque o número de pessoas por dia que tem acesso é ainda mais limitado (400 pessoas/dia e lembre que o mundo todo vai para lá) e o valor também é diferente. Uma vez escolhido o tipo de ingresso, escolha a data que você vai e é só continuar o processo. Veja que tem um campo que chama “Disponibilidad” e tem um número logo abaixo. Esse é o número de ingressos disponíveis para o dia, então você pode acompanhar essa evolução mesmo que não tenha uma data definida ainda. O valor do ingresso apenas para Machu Picchu é de aproximadamente 47 dólares.

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Uma vez finalizado o processo, você vai ter os ingressos! Leve impresso e também o seu passaporte (ou RG), pois eles vão checar isso na entrada do parque. Esse ingresso dá o direito de entrar e sair quantas vezes quiser no dia, então você pode visitar, sair para almoçar e voltar, por exemplo.

Essa é a carinha do ingresso para Machu Picchu
Essa é a carinha do ingresso para Machu Picchu

 

Para quem vai subir o Wayna Pichu, dizem que é uma subida pesada (mas não impossível), basicamente são muitos degraus de pedras, algumas partes bem estreitas e com um barranco logo ao lado. Suba com cuidado! Lembre que você estará em um local de altitude, então vai se cansar mais rápido. Veja também que os horários são controlados, é preciso escolher no momento da compra do ingresso e se apresentar dentro dele.

 

O que levar?

Não há nenhum item fora do comum nessa lista. Tenha em mente que você vai andar bastante e subir e descer escadas, por isso leve somente o necessário para não carregar peso demais. Um sapato confortável, bom para caminhadas e que não escorregue é super importante. Vi senhoras andando de rasteirinhas lá, não consigo entender o que leva uma pessoa a ir assim para Machu Picchu. Um bom tênis será uma ótima companhia!

Se você for muito cedo vai estar friozinho, mas durante o dia o sol não tem dó. Protetor solar é indispensável, lembre que você estará quase 3 mil metros mais perto do sol. Eu voltei com belas marcas de regata! Mesmo na época seca, leve uma capa de chuva ou uma blusa impermeável, umas pancadas de chuva podem acontecer.

É recomendável levar repelente. Eu não levei e não tomei nenhuma picada (o que é uma raridade), mas realmente tinham muitos bichinhos voando. Montanhas + rio + muitas plantas = insetos!

E por último, mas não menos importante: leve água e uns snacks. Lá dentro não tem nada – nenhuma lojinha e inclusive não tem latas de lixo e nem banheiro. O único lugar para comprar esse tipo de coisa é na lanchonete que fica na entrada do parque, do lado de fora, e nem preciso dizer que é mega cara. O banheiro também fica por ali e é pago. Na entrada tem uma placa dizendo que é proibido entrar com alimentos, mas muita gente leva e inclusive o guia recomendou levar alguma coisa. Não é pra fazer picnic, é só uma bolachinha ou um chocolate para disfarçar e dar um pouco de energia. Ah! E leve o seu lixo embora com você, por favor!

Em Aguas Calientes tem um monte de farmácias e mercadinhos onde você pode comprar água, os lanchinhos, protetor e repelente. Planeje-se antes de ir!

 

Como circular?

Eu absolutamente recomendo que você contrate um guia para te explicar cada detalhe de Machu Picchu. O lugar é cheio de histórias e cada detalhe tem um significado, seria uma pena você ir até lá e não conhecer cada um deles.

Agências de turismo não faltam por lá e não vai ser difícil se juntar a um grupo. A recepção do seu hotel também pode te ajudar com isso. Outra opção é contratar um lá na porta do parque, eles estão aos montes, de coletinhos escrito “guia oficial” e esperando por você (e todos os outros turistas). Negocie o valor na hora (assim como quase tudo no Peru é negociado), a média é de 5 dólares. Essa é uma forma de ter um passeio mais exclusivo, sem aquele grupo enorme das agências junto.

As visitas guiadas tem duração de 2 horas, mais ou menos. Aproveite o restante do tempo que tiver por lá para andar por conta,  tirar suas fotos sem ninguém te apressar e ir aos lugares que a visita não te levou. Como disse neste post, recomendo subir cedo, assim você terá mais tempo para andar por lá depois.

A entrada de Machu Picchu (e sua fila)
A entrada de Machu Picchu (e sua fila)

 

 

O que ver?

Machu Picchu nunca foi descoberta pelos espanhóis, por isso muito do que vemos hoje não foi destruído, ou seja, é original. Algumas partes foram restauradas, mas depois que o local foi declarado patrimônio da humanidade pela UNESCO, nada mais pode ser alterado (inclusive restaurações).

O parque é bastante grande e dividido em várias áreas. Wayna Picchu é uma delas, da qual já falamos lá em cima. A grande parte em que estão os terraços era dedicada para a agricultura, com um sistema inteligente de drenagem que também evitava a erosão do solo e que tudo deslizasse montanha abaixo.

Terraços de Machu Picchu
Terraços de Machu Picchu

 

O outro lado era a cidade propriamente dita, onde além das pessoas morarem, encontram-se os templos e locais de estudos. Um deles é o Templo do Sol, a única estrutura circular de todo o parque. Não é possível entrar, mas dá para vê-lo de cima. O sol era o principal deus dos incas.

Outro templo que está por ali é o Templo do Condor. Olhando do ângulo certo (e com uma boa dose de imaginação) é possível ver o formato de um condor nas pedras. O corpo está no chão e as asas nas pedras. Essa ave também era importante para os incas e representava o mundo espiritual e a ligação dos mortais com as divindades.

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Templo do Condor

 

No ponto mais alto de Machu Picchu (sem contar as montanhas) encontra-se um relógio de sol. Não se pode tocar nele, mas dizem que este é o ponto que emana mais energia. A função desse relógio também era auxiliar na agricultura.

Os incas também tinham grande domínio da astronomia e estudavam o movimento das estrelas. O cruzeiro do sul era uma importante constelação para eles. A agricultura era o principal negócio e todos os estudos visavam melhorá-la e prever melhores condições para as plantações. Com o estudo dos céus eles conseguiam prever a melhor época para plantar ou quando ia chover. Há uma parte das ruínas que foi dedicada para os estudos astronômicos, que consistia em duas plataformas cheias de água que refletiam a imagem do céu.

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Local de estudo astronômico

 

Uma vez em Cusco ou em Machu Picchu, com certeza você vai ouvir falar da chakana, uma forma geométrica que lembra uma cruz, com uma certa estilização, e representa toda a ideologia dos incas. Ela também representa a dualidade, em que essa cultura acreditava muito. Coisas opostas, mas que se complementam, como homem e mulher, sol e lua etc.

Na área mais nobre há uma pedra com o formato de meia chakana (foto abaixo). Repare que tem janelas ao fundo, uma delas é cega (fechada) e as que ficam exatamente atrás da pedra estão abertas. Quando a luz do sol passava por essas janelas, com um determinado ângulo, o restante da imagem da chakana era formada com a sua sombra. Essa é mais uma representação da dualidade.

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Chakana esculpida na pedra