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Passeio de gôndola em Veneza

Veneza, na Itália, é um local bastante particular. É difícil imaginar uma cidade em um país desenvolvido, cheia de histórias para contar e que não tem carros. Às vezes você esquece que está na Europa. A cidade é na verdade uma ilha no Mar Adriático, cortada por uma infinidade de canais e ligada por cerca de 400 pontes.

Mundialmente conhecidos, o passeio de gôndola em Veneza, que pode ser romântico, em família, entre amigos etc, é uma experiência única que só pode ser feita por lá, o que dá um charme especial para a cidade. Infelizmente, não é uma atração que cabe em todos os bolsos, não é a opção das mais baratas e quem está com o orçamento apertado acaba buscando outras alternativas, mas se você tiver a oportunidade, não a perca!

Conversando com o gondoleiro que me levou, Veneza tem 436 gôndolas. Não achei um número tão grande se comparado a quantidade de turistas que a cidade recebe. Para seguir a profissão é necessário passar por um curso de 1 ano, onde eles aprendem, entre outras coisas, a conduzir as gôndolas (obviamente!). Parece ser simples, mas além de passar o dia remando, as pernas também fazem um bom exercício, já que eles empurram as paredes das casas com os pés para direcionar o barco.

Existem 2 tipos de tour: a grande volta, que dura cerca de 45 minutos, e a pequena volta, com mais ou menos meia hora. A diferença é que a volta maior passa pelo Grand Canal, a principal via da cidade. Os valores giram em torno de 80 euros para o trajeto menor e 140 euros para o maior (os valores são negociáveis dependendo da época e do local onde você “contratar” o gondoleiro). Esse é o valor para o passeio e não por pessoa, ou seja, quanto mais gente na mesma gôndola, mais barato por cabeça. Cada gôndola comporta umas 7 pessoas.

Existem alguns pontos específicos nos locais de mais movimento, de onde partem os passeios, organizados como se fossem uma cooperativa de taxis. Minha primeira tentativa para o passeio foi perto da Piazza San Marco, em uma dessas “cooperativas”. A negociação do valor foi em vão, além disso eles foram grossos e não faziam a grande volta, pois disseram que o Grand Canal é muito cheio, tem muito movimento e ninguém mais faz esse trajeto. Não gostei da falta de simpatia deles e optei por não ir, o que foi ótimo, pois poucos minutos depois começou a chover.

Há também os gondoleiros que ficam “fora do ponto”, ou seja, ficam em lugares com  fluxo de pessoas bem menor abordando os turistas que estão passando. O preço inicial foi o mesmo, mas neste rolou uma negociação e um descontinho! Além disso, foram super gentis e fizeram o percurso com o Grand Canal, sem nenhum problema.

Depois de escolher sua gôndola, é apenas relaxar e curtir o passeio! O gondoleiro, com sua camiseta listrada no estilo “Onde está Wally”, vai em pé e te conduz pelos pequenos canais e por alguns pontos importantes, como igrejas e a casa de Marco Polo (tudo depende do seu ponto de partida. Sinceramente, não lembro onde foi o meu. Se localizar em Veneza não é tarefa das mais fáceis). Aproveite para tirar todas as dúvidas que tiver sobre o local, a cultura, história etc, e para apreciar cada pontezinha e sacadas por qual você passar.

O nível da água está subindo e em épocas de cheia o primeiro andar das casas fica inundado, por isso, todos moram a partir do segundo piso. As casas são bastante velhas e parecem não estar muito bem cuidadas, com as paredes descascando e portões de madeira já corroídos pelo tempo, mas sem isso, Veneza não seria Veneza. Imagino que manter uma casa que fica sobre água salgada não seja muito simples. Aliás, o custo de vida não é muito barato, o que faz muitos moradores saírem da cidade, que hoje tem cerca de metade da população de 30 ou 40 anos atrás (segundo o gondoleiro).

Entrando no Grand Canal, você percebe o movimento que até então parecia não existir. Vaporettos, taxis aquáticos, inúmeros barcos e até polícia e ambulância (também são barcos) circulam por lá. A principal atração é a Ponte Rialto, a principal da cidade e uma das mais antigas, a primeira ponte que ligou os dois lados do Grand canal.

A melhor época para ir é no outono ou primavera. O verão é a alta temporada, tudo é muito cheio e esqueça a negociação de preços, além disso, a água dos canais não é limpa e, com o calor, pode ter um cheiro um pouco desagradável. No inverno, o frio estraga o passeio. Apenas verifique a previsão do tempo, para não fazer um passeio em um dia de chuva, o que também não deve ter a menor graça. O outono é a estação que mais chove, mas eu fui nessa época e não tive problemas (mas no dia anterior choveu, como disse lá em cima).

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Mas qual é a alternativa para quem está com o orçamento mais baixo? Conhecer os pequenos canais é obrigatório, mesmo que seja a pé, pelas margens. Só assim é possível entender como uma cidade vive até hoje sem um carro nas ruas. Na verdade, é quase impossível não andar pelas margens dos canais pequenos, pois eles estão em todo lugar. Se perca nas ruazinhas e os veja sob as inúmeras pontezinhas da cidade. É claro que não tem o mesmo charme de passar sob elas em uma gôndola, mas dá para sentir o clima veneziano da mesma forma.

Para o Grand Canal é possível pegar um Vaporetto, o transporte público local. Ele funciona como um ônibus, com rotas e paradas em pontos específicos. Todas elas passam pelo Grand Canal, então é possível conhecê-lo de dentro de um barco e ver todo o movimento dessa grande “avenida”.