Reflexão

Do Brasil para Rússia, em 4 anos

Este não é exatamente um post sobre pontos turísticos da Rússia, apesar de estarmos em um blog de viagens (se era isso que você procurava, desculpa. Mas te convido a ler a minha história). Eu também não estou de mudança de país. Nós estamos naquele período que o Brasil todo (ou quase todo) se une para torcer junto, que nosso espírito patriota aflora e quando empresas param de trabalhar para ver um jogo de futebol. A Copa do Mundo começou!

Eu não estou aqui para falar de futebol. Não sou grande entendedora do assunto e nem um pouco capacitada para discorrer esse assunto. Vim falar do que aconteceu do Brasil para Rússia, do que mudou de 4 anos atrás até agora.

A Camila, do blog O Melhor Mês do Ano, falou das mudanças dela e tudo que aconteceu nesse período. Hoje ela mora no Chile e tem um hostel por lá (vale conferir o post dela: Como 4 anos podem mudar a sua vida). Ler a história dela me inspirou a contar a minha também, afinal, por aqui mudou muita coisa em 4 anos também.

 

A copa do Brasil

4 anos atrás, no dia da abertura da Copa 2014 eu não estava muito em clima de futebol. Reunimos uns amigos e fizemos uma festa junina caseira, que foi a única que eu fui naquele ano (e eu amo festas juninas!), para ver o show de abertura. Confesso que tinha uma expectativa alta e que foi totalmente frustrada ao ver o que foi chamado de desfile Pokémon e show da Galinha Pintadinha.

Aquele dia também foi a minha despedida do Brasil. No dia seguinte, 13 de junho de 2014, eu embarcava para a minha viagem volta ao mundo. Entre medos e incertezas, eu tinha certo em mim que era hora de partir. A volta ao mundo era um sonho já de anos e havia chegado o momento certo para ser realizado.

O segundo jogo do Brasil eu vi de Barcelona, lembro de ter visto um dos jogos em Amsterdam e durante o fatídico 7×1 eu estava dentro de um ônibus, indo talvez da Bélgica para Inglaterra e procurando loucamente um wi-fi aberto no caminho para ter notícias do placar. Tive uma certa “invejinha” ao ver as fotos dos meus amigos reunidos e outros tantos assistindo os jogos do estádio (essa ainda é um dos itens da minha bucket list: ver um jogo da Copa do Mundo do estádio), mas meu momento era outro.

Do Brasil para Rússia: Em Sydney, durante a minha volta ao mundo.
Em Sydney, durante a minha volta ao mundo.

 

Fim da Copa, mas a viagem segue

A copa acabou e eu continuei pelo mundo. Passei a viagem inteira ouvindo piadinhas do 7×1, especialmente quando conhecia algum alemão (mas não se limitando somente a eles). Foram muitos países, inúmeras cidades e incontáveis experiências. É difícil expressar em poucas palavras o que essa volta ao mundo significou pra mim, gosto de dizer que foi uma viagem que eu fui e nunca voltei (esse é um dos meus textos preferidos).

Sem sombra de dúvidas, foi algo muito marcante e um divisor de águas na minha vida. Minha visão de mundo mudou completamente. Eu mudei também. Hoje tenho valores que são muito fortes em mim, graças ao que o mundo me ensinou.

Dentre tantos perrengues, maluquices e desafios que surgiram nessa aventura, o mais difícil foi estar de volta ao Brasil.

Do Brasil para Rússia: Em um templo em Chiang Rai, no norte da Tailândia.
Em um templo em Chiang Rai, no norte da Tailândia.

 

Estamos indo de volta pra casa…

Eu explico. Eu cheguei no meio de uma crise de água em um calor dos infernos e na reeleição da Dilma. Isso nada tem a ver com a dificuldade de estar de volta.

Se você nunca ouviu falar de depressão pós-viagem, saiba que ela existe. Depressão talvez seja um nome muito forte e eu não quero, de forma nenhuma, banalizar uma doença que é muito grave. Mas esse período de readaptação não é nada fácil. Pelo menos pra mim não foi.

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Depois que um mundo se abriu na minha cabeça, voltar para aquele “mundinho” que quase nada mudou no tempo que você esteve fora foi um verdadeiro desafio. Eu passei alguns meses perdida, sem saber o que fazer da vida. Tinha a certeza que não queria voltar para o mundo corporativo, com todas as suas politicagens e falsidades. Tinha a certeza que o mundo era o meu lugar, mesmo estando de volta.

Foi nesse momento que eu decidi levar esse blog, que era antes um passatempo, bem mais a sério. Fui estudar o marketing digital, mídias sociais, SEO, redação, fotografia… fiz planejamentos, metas, projetos, investi em templates, servidor e um monte de outras coisas (se você acha que vida de blogueiro é um lindo mar de rosas, você pouco sabe o que acontece nos bastidores).

Do Brasil para Rússia: Viajando e blogando (com o blog ainda no layout antigo). Dá trabalho, mas vale cada segundo!
Viajando e blogando (com o blog ainda no layout antigo). Dá trabalho, mas vale cada segundo!

O blog começou a crescer e eu comecei a ganhar uns trocadinhos com ele. Quando as coisas pareciam estar caminhando bem, eu sai de um relacionamento de anos e que eu achava que era pra vida toda. Foi bem tenso. Rasteiras que a vida dá na gente.

2015 ficou marcado na memória. Não de forma muito positiva com esses acontecimentos, mas foi um ano de muito aprendizado e crescimento, não só para o blog, mas principalmente pessoal. Depois de todas as fases ruins superadas, hoje eu vejo como o que aconteceu foi importantíssimo para a formar a pessoa que eu sou hoje.

 

O jogo virou!

Se 2015 foi difícil, 2016 foi um ano lindo! Tantas portas, oportunidades e pessoas surgiram na minha vida. Dentre fatos que marcaram esse ano (e voltamos a falar de viagens), o destaque foi o Caminho de Santiago de Compostela. Acho que ele veio no momento certo para fechar o ciclo de autoconhecimento e desenvolvimento pessoal que eu estava. E iniciar um novo.

Eu não canso de falar que o caminho é incrível e mágico. E acho que ninguém que não tenha passado por essa experiência vai me entender, mas sigo repetindo.

Para onde o caminho me levar, eu apenas vou. Essa é minha foto favorita do caminho. Mostra que a caminhada vai longe, além de onde os olhos podem ver. Com tantos outros peregrinos, a trajetória não é solitária, mas cada um segue seu próprio caminho. Cada caminho é único! Tem seu significado, seu sentimento e seu propósito. E sempre acontece no momento que deveria acontecer. Ele chama a gente. A gente precisa saber ouvir esse chamado. ? #caminho #compostela #santiagodecompostela #caminhofrances #peregrinos #mochileiros #junhojune #fotografiaspeIomundo omundo #lonelyplanetbrasil #mundograndao #missaoVT #revistaadv #voegol #blogsdeviagem #mochileirosgrupofechado #pequenosgrandesviajantes #sourbbv #bagagemdememorias

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E 2017 veio cheio de surpresas. Primeiro com uma viagem inesperada e nada planejada para Europa (para reencontrar minha família do Caminho de Santiago de Compostela), depois com uma ida para o Canadá, que estava na minha bucket list há muitos anos.

A maior surpresa de todas foi voltar do Canadá formalmente empregada, em um período de crise econômica e em um momento que eu não estava procurando nada. Lembra que lá em cima eu disse que nunca mais voltaria para o mundo corporativo? Foi um conflito de valores. Sei lá exatamente o motivo, mas algo me dizia que eu deveria abrir essa nova porta.

E continua sendo um conflito. Eu gostaria de ter muito mais tempo para escrever por aqui e sinto muita falta do mundo. Conciliar tudo isso vem sendo bem difícil, mas… novos desafios, né? Esse ano já está bem melhor que ano passado, neste aspecto.

 

A Copa da Rússia

4 anos se passaram e chegou a Copa da Rússia. E olha quanta coisa aconteceu por aqui (na minha vida)! Uma volta ao mundo, uma caminhada de 1000km, novas pessoas na minha vida, itens da bucket list ticados, novas oportunidades e um futuro que não sei pra onde vai.

Isso foi uma grande lição que o mundo me ensinou. A gente não tem controle do que vai acontecer, por mais que planos sejam feitos, mas podemos controlar das nossas decisões. Então eu deixo a vida me levar, na certeza que as coisas vão acontecer na hora em que devem acontecer. E o trabalho interior é para tomar as melhores decisões no momento.

Até a Copa do Catar, em 2022, o que será que vai acontecer?

Do Brasil para Rússia: Com asas, para voar na direção que o vento soprar.
Com asas, para voar na direção que o vento soprar.

Imagem destacada: Visual Hunt