MundoReflexão

Meus países preferidos no mundo

Essas são perguntas que escuto com uma certa frequência: qual o seu país preferido? Qual viagem te marcou mais? Qual o lugar mais bonito que você visitou? Fico imaginando qual a intenção por trás dessas perguntas. Será que é apenas curiosidade, é uma busca por direcionamento para futuras viagens ou o início de uma discussão em que cada um vai defender suas opiniões com unhas e dentes?

É difícil responder. Tenho alguns lugares que ocupam os lugares do topo sim, mas essa escolha é bastante pessoal e totalmente relacionada às experiências que eu tive no local e à minha própria história de vida. Isso quer dizer que a minha lista vai ser diferente da sua e nenhuma das duas está absolutamente certa ou absolutamente errada. Me julguem o quanto quiserem, mas eu não vejo a menor graça na cidade queridinha do mundo, Paris. Londres e Nova York não estão muito atrás também.

Leia também: Bucket list de viagens: já fez a sua?

Cada um tem sua forma de definir seus locais preferidos. Pode ser que seja a realização de um sonho antigo, pode ser um lugar que tenha um grande significado pessoal, pode ser por fatos que aconteceram e marcaram. Ou pode ser uma mistura de tudo isso.

Eu tenho uma regra na minha vida. Qualquer coisa que eu decido fazer, seja uma viagem, uma proposta de trabalho ou mesmo um convite para tomar uma cerveja, precisa necessariamente me divertir ou me fazer aprender alguma coisa. De preferência, os dois ao mesmo tempo. Se não for para ter bons momentos ou me agregar valor como pessoa, não tenho motivos para aceitar.

E é assim que defino minha lista de países preferidos. Por serem, de alguma forma, marcantes, tocantes e provocarem uma revolução dentro de mim. São lugares que me mudaram e que tem grande responsabilidade por eu ser quem sou hoje.

 

Japão

Quem acompanha o blog sabe que eu sempre falo bem desse país, não dá pra esconder. Mesmo quem não passa por aqui com muita frequência, basta olhar uma foto minha para imaginar. Estar no Japão é como buscar minhas origens, apesar de não ter mais parentes por lá e não ter sido criada em uma família que segue todas as tradições.

Desde pequena esse país me fascina, na infância pelas canetinhas, toalhinhas e tudo de mais fofo que existe. Hoje, pelo respeito, educação e pela forma coletiva de se viver, que só os japoneses sabem como fazer.

A primeira vez que pisei no país do sol nascente foi no auge dos meus 20 aninhos. Foi a realização de um sonho de criança, que por tantas vezes ouvi ser impossível. E foi lá, entre dias apertando parafusos em uma linha de montagem (sim, eu fui para trabalhar em fábricas) e noites mal dormidas regadas a sake e muitas risadas, que eu descobri o gosto pelas viagens, pelas culturas e pelas aventuras.

Foi lá do outro lado do mundo que o tal bichinho me picou. E desde então tenho a incurável doença que não me deixa ficar parada no mesmo lugar por muito tempo. Uma mistura de curiosidade com a necessidade de movimento e liberdade. Menos raízes, mais asas. Obrigada, Japão! ^^y

Ao fundo o Monte Fuji, no Japão
Ao fundo, o Monte Fuji.

 

Austrália

A terra dos cangurus surgiu na minha vida em um desses momentos em que eu precisava me mexer, sair do lugar. O “estudar inglês e melhorar o currículo” foi uma ótima desculpa (não que isso não tenha acontecido de verdade), mas no fundo, o que eu precisava mesmo era partir para um destino qualquer.

Está gostando desse artigo? Que tal curtir o Bagagem de Memórias no Facebook?

E lá estava eu de novo, cruzando oceanos e, dessa vez, completamente sozinha para quase 1 ano longe de casa. O bom de fazer as coisas quando somos jovens é que nada dá medo e, depois de mais experientes, mesmo com medo sabemos que somos capazes. Essa foi uma das grandes lições que a Austrália deixou em mim.

Sai da zona de conforto e debaixo das asas dos pais, para um mundo novo. Teve choque de culturas, teve momentos difíceis e muita coisa aprendida. Descobri na prática que uma roupa colorida mancha as outras dentro da máquina e que a recepcionista da escola pode me levar ao médico quando se tem 40 graus de febre, uma infecção no rim e ninguém pra te ajudar. Bati de porta em porta pedindo emprego, procurei um lugar pra morar nos anúncios do mural com menos de 1 semana para o meu contrato vencer e consegui carona depois de perder o último ônibus da noite quando eu estava do outro lado da cidade.

A Austrália me deu independência, responsabilidades e alimentou ainda mais o meu desejo de me jogar no mundo. Fiz amigos para vida, que mantenho contato até hoje, mesmo passados mais de 10 anos e com oceanos entre nós (viva o Facebook!) e tenho histórias de monte para contar. Afinal, somos as comidas que comemos, as experiências que vivemos e os amigos que temos.

australia_harbour-bridge-sydney
Harbour Bridge, em Sydney

 

Tailândia

A Tailândia é um caso sério de amor à primeira vista. Difícil de definir, complicado explicar. É aquele lugar que te recebe de braços abertos, pronto para entender suas crises e te dar as respostas mais inesperadas.

Foi o meu primeiro mochilão de verdade. Só eu e minha mochila, sem muitos planos definidos, no paraíso dos mochileiros. E o que podia ser uma viagem bem louca, cheia de baladas e muita curtição acabou sendo totalmente o oposto. Eu até fui pra balada e com certeza curti muito cada momento no país dos sorrisos, mas o que predominou foi outra coisa.

Eu estava em uma fase espiritualmente revoltada. Me incluía com orgulho no grupo dos ateus e tinha pavor de qualquer conversa que o assunto fosse religião. Visitei uma porção de templos lá, com a visão de ser um ponto turístico apenas e sem fazer nenhuma relação com o budismo. A construção é bonita, a história interessante e, antes que eu pudesse perceber, eu estava completamente conectada a eles e apaixonada pela forma como os tailandeses encaram a vida e os problemas. Tranquilidade define, paz de espírito predomina.

Foi essa terra mágica que despertou a minha espiritualidade e isso nada tem a ver com ter uma religião ou com defender ensinamentos de Deus, Buda, Alá ou seja lá o nome que você quiser dar, mas em acreditar que coisas acontecem e nossos olhos não podem ver (mas podemos acreditar e sentir). É claro que uma mudança tão grande não acontece de um dia para o outro. Foram meses e meses de evolução (que ainda não terminou), mas o ponta-pé foi durante o mochilão. Que tal ligar o seu wi-fi e começar a captar os sinais?

tailandia_chiang-rai-white-temple
White temple em Chiang Rai, norte da Tailândia.

 

Espanha

Uma das viagens mais recentes e surpreendentes que fiz. Não posso falar do país no geral, mas especificamente do Caminho de Santiago de Compostela. Foram 1.000km andando, um desafio para o corpo, espírito e mente e uma verdadeira viagem interior. Foi especial, não tenho outra palavra para descrever.

Mais importante que chegar em Santiago de Compostela (ou em Finisterra, no meu caso), é a jornada que te leva até lá. O caminho está cheio de surpresas e milagres, que aparecem apenas para quem o faz de coração aberto e espírito livre. Momentos e pessoas especiais cruzam seu caminho de forma quase que rotineira e lições e aprendizados fazem parte do dia a dia.

Não importa de onde você vem ou em que acredita, todos andam pelo mesmo caminho e com o mesmo destino. A solidariedade está presente de forma insistente e contagiante, assim como pessoas de conversa fácil e histórias de vida incríveis. Faz-se amigos para uma vida em poucos minutos.

A maior lição que o caminho deixa é o desapego. Não apenas o material, mas principalmente o emocional. E quando percebemos o quão desnecessário é carregar o peso das mágoas, tristezas, decepções ou rancores e conseguimos deixá-los ir, a vida se torna muito mais simples e prazerosa. Tudo o que acontece na nossa vida é um reflexo do que temos dentro da gente e se problemas e preocupações são muito presentes, é hora de fazer uma faxina interna. Desapega e viva uma vida mais leve. <3

camino_para onde o caminho me levar

Para onde o caminho me levar, eu vou.

 

E quais são os países que mais marcaram a sua vida? Conta pra gente!

 

Leia mais:

Top 10 experiências da minha volta ao mundo 

O que eu perdi mochilando

5 filmes que inspiram viagens

Sou mulher e viajo sozinha sim!

Aquela viagem da qual eu nunca voltei