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Memórias da viagem: Vancouver (por Camila Tami)

O Memórias da Viagem conta com a participação da Camila Tami, que acabou de realizar um intercâmbio em Vancouver, no Canadá, e aproveitou para conhecer os arredores também. Como a viagem foi bem recente e ela passou alguns meses por lá, as dicas estão fresquinhas e serão super úteis para quem planeja conhecer a cidade.

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Memórias da viagem para…

Vancouver e Rocky Mountains, de junho a meados de setembro de 2015.

 

Roteiro na bagagem

Resolvi deixar 2015 como meu ano sabático para pensar um pouco na vida. Assim, decidi realizar um sonho antigo: estudar no exterior! Escolhi a cidade de Vancouver pois, na minha opinião, o verão de lá seria mais ameno. E não me arrependi nem um pouco da minha decisão. Além disso, o valor do dólar canadense é um pouco mais baixo do que o americano e isso ajudou um pouco nesse momento de crise da nossa moeda.

 

Compartilhando memórias

Já viajei várias vezes para fora do país, mas essa foi a minha primeira experiência de viagem sozinha. Para facilitar, fechei todo um pacote com uma agência de intercâmbio. Esse pacote incluía uma escola de inglês, uma casa de estudante (que compartilhei com mais 14 pessoas, mas eu fiquei em um quarto com banheiro só para mim) e transporte do aeroporto para a casa.

 

Transporte da bagagem

Peguei um primeiro voo de São Paulo até Toronto, com duração de 10h, e depois mais um voo de 5h para Vancouver. A conexão em Toronto tinha duração de apenas 2h e uma conhecida minha havia me avisado que o tempo era muito curto e que poderiam trocar o horário do meu voo para Vancouver. Meu voo atrasou para sair de São Paulo, então tive menos tempo ainda para pegar o outro avião e nesse intervalo eu tive que fazer a imigração no Canadá, pegar a minha bagagem, levá-la até uma outra esteira para enviá-la para Vancouver. Depois tive que fazer todo o processo de embarque novamente, o que inclui passar pelo detector de metal e raio-x. Nesse momento eu já havia achado que tinha perdido o meu voo para Vancouver, que não houve mudança, mas tive sorte que ele estava atrasado. Chegando em Vancouver fui em busca do motorista para me levar até a casa e fiquei surpresa que fui levada de limusine com mais um outro grupo de estudantes. Depois descobri que poderia ter ido de transporte público, pois lá este é muito eficiente e fácil de usar, mesmo com bagagem.

Sobre o transporte público de Vancouver: as catracas dos skytrains (como eles chamam os metrôs e trens) são livres e, normalmente, não há ninguém vigiando, mas não se enganem, pois se você for pego sem um comprovante de pagamento você leva multa! E essa custa mais de $200!! Aconteceu duas vezes comigo do guarda entrar no ônibus para verificar se tínhamos comprovante de pagamento. Em cada estação há uma máquina para comprar a passagem, que também pode ser usada em ônibus, e você tem 2h para transitar para qualquer lugar. O preço deve mudar agora em outubro, mas deve ficar em torno de $3. E você pode encontrar em lojas de conveniência e em farmácias o “monthly pass”, que permite transitar por um mês pela cidade por um preço único, mais ou menos uns $100. Vale muito a pena se você for ficar um mês lá, mas eles só vendem no começo do mês esse passe. Tem também a opção de comprar um bloquinho de passagens que vem com 10 bilhetes e isso facilita caso você não tenha moedas, pois nos ônibus é preciso ter a quantidade certa de dinheiro porque eles não dão troco e eles só aceitam moeda. Para descer do ônibus é preciso empurrar levemente a porta logo que o sinal verde, em cima dela, acender. Ela não abre sozinha, com exceção da porta da frente ao lado do motorista. Ahh! E para fazer o ônibus parar para subir nele não precisa fazer sinal com a mão. Eles param em todos os pontos em que há gente. E as pessoas lá são muito educadas, sempre falam “thank you” para o motorista ao sair do ônibus. Existe um aplicativo, o “transit”, que informa o horário que o ônibus e o skytrain vai passar. Na maioria das vezes funciona. E ele também indica o itinerário do transporte.

 

Por que Vancouver?

Vancouver é uma cidade de tamanho mediano. Então eu senti que não há aquele estresse igual ao de São Paulo, de onde eu sou. E lá a natureza é muito diversificada em um espaço muito pequeno. De um lado há praias e do outro, montanhas. Sem falar na enorme quantidade de verde que a cidade possui, o que a deixa muito mais bonita. Vancouver tem muuuuito imigrante!!! Nas ruas, quase não se ouve inglês. Muitas pessoas vão para passear, para estudar, para trabalhar temporariamente e algumas se mudam para lá também. É muito normal você encontrar gente do mundo inteiro lá e eu gostei muito disso. Às vezes eu até esquecia que estava no Canadá e achava que estava na Ásia, ou sei lá aonde. E os canadenses que ficam na cidade são aqueles que gostam de turistas e a maioria deles são bem simpáticos com você. É comum eles pararem para poder auxiliá-lo na rua quando percebem que você está perdido. O que eu vi que é bem diferente em outras cidades turísticas em que eu visitei, pois a maioria das pessoas não tem paciência para turistas e os tratam muito mal.

Vancouver Tami_ Queen Elizabeth Park
Queen Elizabeth Park. Muita área verde em Vancouver

 

Principais memórias

Fiquei na cidade por 3 meses e meio. E ainda fui para cidades próximas como Seattle, nos Estados Unidos, Victoria, uma ilha canadense, Whistler, Banff e Jasper (essas duas últimas cidades localizadas nas Rocky Mountains ou Montanhas Rochosas). Em uma semana dá para conhecer a cidade de Vancouver com calma e ainda passar por outras cidades, mas se quiser ir para Rocky Mountains é necessário ficar mais tempo.

Há passeios pagos, alguns com preço mais reduzidos e outros de graça. Basta fazer a escolha certa. Por exemplo, me falaram para visitar o Capilano Suspension Bridge Park, pois tinha uma ponte suspensa bem legal. A entrada do parque é $40. Mas descobri que havia um outro parque chamado Lynn Canyon Park cuja a entrada é gratuita. E ele possui uma ponte semelhante, um pouco menor, porém com uma paisagem muito mais bonita. Além disso, há um rio em que se pode nadar. Ele é congelante, mas vale a pena entrar!

Vancouver Tami_ Lynn Canyon Park
Lynn Canyon Park.

Outra atração famosa é a Grouse Mountain. É uma montanha que tem duas opções de subida: por teleférico, que você paga $40 para subir e descer, ou por trilha, que você vai de graça e só paga $10 para descer de teleférico (não pode fazer a trilha para baixo). A trilha é bem puxada, mas vale a pena o esforço! Quando eu fui estava com muita neblina e não pude ver a paisagem, mas dizem que é lindo a vista de cima da montanha. E lá em cima há dois ursos pretos presos para você observar. Para chegar no lugar dá para ir de transporte público, saindo do centro da cidade ou pegando um ônibus de graça que sai do Canada Place a cada 15 minutos.

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Falando do Canada Place, ele é um outro lugar de graça que vale a pena conhecer. É um porto famoso da cidade com algumas atrações. Lá, você pode assistir um filme 4D (pago), que muda de tema dependendo da época do ano. Quando eu fui era uma viagem em que você sobrevoa pelo Canadá. Nos feriados eles fazem shows nesse porto e no verão há vários eventos de graça como aula de zumba e cinema ao ar livre.

Vancouver Tami_ Canada Place
Canada Place, porto agitado e cheio de eventos

Outro lugar famoso e próximo do Canada Place é Gastown. Um bairro antigo da cidade em que há vários restaurantes, bares e lojas de lembrancinhas. E é lá que você encontra o famoso relógio a vapor da cidade. As lojas de lembrancinhas de Gastown eram bem caras e eu achei melhor comprar em Chinatown, onde as coisas eram mais baratas. Falando em compras, se você quiser fazer isso os lugares principais são: Robson street, Pacific Centre (grande shopping localizado na Granville street) e o Metropoli in Metrotown (um shopping enorme mais afastado do centro, dá para se perder lá dentro facilmente de tão grande que ele é).

Continuando com a parte de atrações, há dois parques imperdíveis para se conhecer. O Stanley Park, que é um parque enorme e lindo, que eu recomendo alugar uma bicicleta para dar uma volta nele. Você leva por volta de 2h para dar uma volta completa no parque. E paga por volta de $10 no aluguel da bicicleta para esse tempo. Para alugar a bicicleta é só procurar na entrada do parque, na Deman street, as lojas. Dentro do parque, você encontra o aquário de Vancouver. Como eu não sou muito fã, eu não gostei muito, mas quem gosta de animais vale a pena ir. E se você provar que foi de transporte público, você ganha desconto na entrada do aquário. Um outro parque famoso é o Queen Elizabeth Park. Ele possui um jardim de flores lindo! De lá dá para observar uma parte da cidade. Na ilha de Victoria há um parque, o Butchart Gardens, que você paga $33 a entrada. Eu fui e achei bem parecido com o Queen Elizabeth Park. Muitos dos meus amigos preferiram ir só no Queen Elizabeth Park, que era de graça, pois este era uma miniatura do Butchart Gardens.

Um pouco mais afastado da cidade, mas um lugar também bem bonito, é o Deep Cove. Você faz uma trilha de uns 40 minutos de subida para poder observar uma linda paisagem. E o melhor de tudo: é de graça!! E você não pode perder um pôr do sol na English Bay. Este lugar é uma praia bem perto do centro da cidade. A praia não é grande coisa comparada às praias brasileiras, a água é bem gelada e um pouco suja para nadar, devido a grande quantidade de algas. Mas o pôr do sol de lá é fantástico!!!

Duas ruas bem famosas no centro da cidade são: a Granville street é famosa por ter muitos bares e baladas, e nas noites de sextas, finais de semanas e feriados, essa rua é fechada devido a grande movimentação de pessoas. Então, nessas noites, é preciso procurar ônibus nas ruas paralelas. E a Davie street é a rua dos LGBT, em que os pontos de ônibus e as lixeiras são cor de rosa e há uma faixa de pedestre com a bandeira do orgulho LGBT.

Se você quiser ir para Rocky Mountains, que é uma viagem mais cara, mas que vale muito a pena, há duas opções: você pode alugar um carro e ir por conta própria ou ir com uma agência de turismo. Há várias agências de turismo com várias opções de preço. Eu acabei pegando uma mais cara, devido a data que eu tinha disponível e que eles ofereciam a viagem, e no meu grupo só haviam idosos. Porém, a minha escola recomendava uma agência chamada West Trek que o preço mais caro deles era de $500 por pessoa para viajar por 4 dias, com transporte, acomodação, guia, alguns passeios e café da manhã incluso.

 

Memória do estômago

Se você estiver disposto a comer bem e a experimentar vários tipos de comida, Vancouver é a cidade certa! Na Deman street e no final da Robson street há vários restaurantes de tudo quanto é tipo de nacionalidade. Consegui matar saudade da comida brasileira e experimentar comida russa, persa, mongoliana e vietnamita… Mas também dá para encontrar restaurantes japoneses, coreanos, gregos, turcos, italianos, africanos etc. Os restaurantes que eu sempre ia eram o Warehouse e o The Old Spaguetti Factory. Os famosos bons e baratos da cidade. O primeiro tem vários pratos e tudo por $4,99. E o segundo é mais massa e você tem direito a salada ou sopa, ao prato que você escolher, a uma bola de sorvete (que era muito bom!) e a um chá ou café por até $20. Outra coisa interessante lá é a grande concorrência entre as cafeterias Starbucks e Tim Hortons. Onde tinha um, logo na outra rua próxima, tinha outro. Este último é uma cafeteria canadense. Não indico muito o café, mas não deixe de experimentar um donuts deles! Que sai por volta de $1,05.

A cidade possui muitos food trucks que oferecem comidas de várias partes do mundo com um preço bem razoável. E o que eu mais gostei foi o Japadog. Eles possuem cachorros quentes misturados com comidas japonesas. Alguns eram bem estranhos, como o de yakissoba. Eu experimentei quase todos e gostei bastante! Imperdível esse food truck!!! Eles tem um restaurante na Robson street em que eles vendem mais opções, então vale mais a pena ir lá. Ahh! Eles não vendem bebida alcoolica nos supermercados e nas lojas de conveniência. É preciso procurar as Liquour Stores para comprar. Mas elas são demais!!! Tem bebidas de tudo quanto é tipo e de vários países!!!!

Vancouver Tami_Menu do Japadog
Menu do Japadog. Imperdível!

 

A memória que ficou na bagagem

Com certeza foi conhecer e fazer amizades com várias pessoas de diferentes partes do mundo e do Brasil. É incrível como nesses momentos você conhece alguém e em pouco tempo, mesmo sem conhecê-lo direito, parece que vocês são amigos desde a infância. E a grande bagagem de cultura que você pode levar para casa no final é a melhor coisa! Viajar sozinha pela primeira vez me ajudou muito a pensar mais na vida e a me conhecer melhor. Com certeza farei isso mais vezes na vida!!!

 

Atenção com a bagagem!

Na hora de embarcar para Toronto, na volta, me avisaram que a minha mala estava acima do peso (23kg), pois eu estava fazendo um voo local, já que eu ainda iria ficar uns dias em Toronto, mas me avisaram lá mesmo que era só falar que eu iria para o Brasil depois que eles não cobrariam multa, pois eu tinha direito a carregar duas malas até 32kg cada por eu pegar um voo internacional posteriormente.

 

Dicas do viajante

O verão é a melhor época para ir para Vancouver! Além de chover menos (nas outras temporadas falaram que só chove, tanto que o apelido da cidade é Raincouver), o dia dura muito. Amanhece lá pelas 5h30 – 6h e escurece lá pelas 21h30 – 22h. E está cheio de festivais bons e de graça na cidade!

Há muitos homeless (mendigos) lá. Não se assustem. Eles chegam, pedem dinheiro, você fala não e eles vão embora. O alto número de mendigos é devido a ajuda que o governo dá a eles. Então, não dê dinheiro porque eles vão comprar drogas e não comida como eles falam. Uma vez eu vi um homem dando resto de comida que ele tinha pegado do restaurante e dando para o mendigo e este jogou a comida no lixo e continuou a pedir dinheiro. Outro motivo da grande quantidade de mendigos em Vancouver é porque é umas das cidades com o inverno mais ameno do Canadá.

A Hastings W street, perto de Chinatown, é o point de drogas. Seria a cracolândia de Vancouver. Mas o craque seria a droga mais fraca para eles. Sim, eles usam drogas fortíssimas lá! E parecem loucos!!! Peguei uma vez um ônibus nessa rua e fiquei com muito medo das pessoas que entravam nele. Apesar de não parecer, por causa das descrições acima, a cidade é segura. Eu andava a qualquer hora na rua com o celular na mão e nunca fui assaltada, mas use bom senso. Uma menina da minha casa deixou a bolsa largada em um lugar na rua por meia hora e quando ela voltou tinham roubado tudo! Celular, carteira, passaporte… É tudo questão de usar a cabeça! A maconha é mais ou menos legalizada lá. Ela é vendida para uso medicinais, mas dizem que é só chegar no médico, falar que tem muita dor de cabeça que ele te receita uma dose de maconha. Então é normal ver muitas lojas de venda de maconha e sentir o cheiro de fumaça de maconha nas ruas.

É proibido beber álcool em lugares públicos. Isso inclui praias, parques, ruas… Se você for pego pela polícia, você levará multa! Vi um grupo levando multa uma vez em um parque, não consegui ouvir direito, mas além da multa, eles tiveram outras consequências relacionadas ao trabalho e ao seguro, alguma coisa assim. Para beber você precisa ser maior de 19 anos. E na maioria dos lugares eles pedem identidade e não aceitam a carteira de motorista brasileira, só passaporte! E em algumas Liquour Stores eles pediam a “second piece” que seria algum cartão de crédito/ débito que tenha o seu nome.

Não pode atravessar a rua em qualquer lugar. Precisa atravessar na faixa de pedestres e quando o sinal para atravessar estiver aberto. Caso ao contrário, se o policial te pegar, você leva multa, isso é chamado “jaywalking”. Mas eu nunca levei multa lá e, como uma boa brasileira, sempre atravessava nos lugares errados. hahaha

No verão tem muita aranha na cidade, principalmente nos locais com bastante árvore. É como se fossem as baratas que encontramos no Brasil em dias quentes. Tive um sério problema com elas no meu quarto. Quase todos os dias aparecia uma aranha lá. E elas eram do tamanho de uma moeda de R$0,50. Uma menina da minha casa levou uma picada na testa enquanto ela estava dormindo. Eu tinha que tomar cuidado enquanto andava na calçada, pois as aranhas viviam fazendo teias no meio do caminho e, às vezes, você não a via e dava de cara com a teia e a aranha.

No centro da cidade, existe um wifi semi de graça. O Shaw Open. Dizem que precisa registrar e pagar para usá-lo, mas é fácil de arranjar um login e senha para tê-lo de graça. E isso eu não encontrei em Toronto. O que fazia muita falta, principalmente quando eu estava perdida.

 

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