ÁsiaJapão

10 coisas que você precisa saber antes de ir para o Japão

O Japão é um país muito diferente do Brasil. Além de estar do outro lado do mundo, os japoneses escrevem de cima para baixo e da direita para esquerda, com caracteres que parecem não fazer o menor sentido. Como se não bastasse a comunicação difícil, na hora de comer ao invés de talheres se usa o ohashi, os “palitinhos” que desafiam a coordenação de algumas pessoas. As diferenças não param por ai e fazem parte da experiência de conhecer o país do sol nascente.

A verdade é que, superado o primeiro impacto da comunicação e da comida, o Japão é um país  muito fácil de viajar. O transporte público funciona bem, as pessoas são educadas, é um lugar organizado, bem seguro e cheio de coisas para serem exploradas. Veja aqui algumas dicas para tornar sua viagem mais proveitosa e cheia de boas memórias! 

10 coisas_japao

1. Avalie o JR Pass

O sistema de trens do Japão funciona muito bem e te leva praticamente a todos os lugares. Existe um passe chamado JR Pass que dá direito ao uso ilimitado de trens, metrôs, ônibus e ferries da linha JR, a maior do país, além de alguns vôos. Existem algumas exceções, veja condições no site da Japan Rail Pass.

Existem 3 tipos de passes válidos para 7, 14 ou 21 dias. Eles só podem ser usados por estrangeiros com visto de turista e devem ser adquiridos fora do Japão, ou seja, planeje antes de ir e compre o seu antes de sair do Brasil (ou do lugar que estiver). O valor, a primeira vista, não é muito convidativo: quase 300 dólares para o passe de 7 dias, e aumenta conforme o número de dias cresce também, mas dependendo dos locais que você for ele vale a pena.

Leia também: O que fazer em Tokyo

São diversos tipos de trem com diferentes preços. O shinkansen (trem bala) é o mais rápido e mais caro, use e abuse dele se tiver com o JR Pass. Os trens conhecidos como pinga-pinga são a opção econômica, mas péssima escolha para longas distâncias.

Antes de comprá-lo, defina seu roteiro e pesquise os transportes que irá usar. O site Jorudan (em inglês) é uma boa fonte para pesquisa e dá várias opções de trajeto, com variações de tempo, preço e baldeações. Se você vai ficar só em Tokyo e arredores o JR Pass não vale muito a pena, mas se for fazer uma viagem ida e volta de Tokyo para Kyoto, por exemplo, já compensa. Quer comprar o JR Pass? Me pergunte como.

 

2. Você não vai comer só peixe

Se você acha que vai viver de sushi e sashimi no Japão, esqueça. É como pensar que se come feijoada todos os dias no Brasil. Porém, prepare-se para comer arroz em quase todas as refeições, inclusive no café da manhã (se optar pelo típico café da manhã japonês, que é uma refeição como almoço ou janta).

Sou bem suspeita para falar, já que amo comida japonesa, mas a variedade é bem grande tanto nas opções quanto no preço. Os peixes e frutos do mar estão bem presentes, isso é verdade, mas também tem muita carne, legumes e macarrão.  Destacando algumas iguarias que eu aprovei: kareraissu (arroz com curry), omoraissu (arroz com ovo e molho demiglace), nikuman (bolinho chinês com recheio do que você quiser), takoyaki (bolinhos de polvo), shabu-shabu (carne cozida que você prepara na mesa), domburi (carne ou frango sobre arroz), okonomiyaki (panqueca ao estilo japonês), ramen (um tipo de macarrão ensopado), entre outros. A descrição não é das melhores, faça uma busca por imagens para entender melhor.

Veja também: O que comer no Japão

Não deixe de experimentar os doces. Eles são tão bonitos que dá até dó de comer, mas são deliciosos, pouco doces e nada enjoativos. Ganhar uns quilinhos a mais por lá é fácil!

Está gostando desse artigo? Que tal curtir o Bagagem de Memórias no Facebook?

domburi-japao

 

3. Saiba viver de forma coletiva

Uma das coisas que mais me impressiona no Japão é o senso de coletividade em que eles vivem. O respeito e preocupação com os outros torna o país organizado, limpo e seguro.

Um dia estava em uma cidade do interior e entrei em uma lojinha apenas para olhar.  Quando sai o vendedor veio correndo atrás de mim perguntar o que tinha acontecido. Disse que estava apenas olhando e ele se desculpou por nada da loja dele ter me agradado. Imagino que por aqui ele estaria reclamando por eu não ter comprado nada, por  não ganhar sua comissão de vendas ou por ter perdido seu tempo comigo.

Também é comum, no horário de fechamento dos depatos (lojas de departamento), que os vendedores fiquem nas portas agradecendo a visita no momento em que os clientes estão saindo das lojas, mesmo que você não tenha comprado nada.

Outra história é de uma fila em um mercado para encher gratuitamente garrafas de água em uma máquina. Uma senhora estava com 4 gafarras grandes, o que demoraria um certo tempo. Se nós estivessemos no lugar dela, provavelmente ficaríamos na fila e quando chegasse nossa vez encheríamos as 4 garrafas, uma atrás da outra. Um japonês não se espantaria se ela voltasse ao final da fila 3 vezes para poder encher uma garrafa de cada vez, afinal o tempo dela não é mais importante que o dos outros e ela não tem o direito de fazer a fila toda esperar.

Histórias como essas são comuns por lá, e um exemplo de atitude, na minha opinião.

yokohama_picnic sakura

 

 

4. Tradições X Modernidade

Todo o oriente, no geral, tem uma herança cultural grande e muito diferente da ocidental, o que é gritante aos olhos de quem não conhece ou não está acostumado. Preservar as tradições é algo muito importante no Japão e isso é visto no dia-a-dia das pessoas e nos detalhes de arquitetura, gastronomia etc. Por outro lado, estamos também falando de um país que investe em educação, em tecnologia de ponta e em engenharia avançada.

Imagine um país de cultura passada de geração para geração, com templos antigos, geishas andando pelas ruas e artes milenares. Agora, imagine um país com uma das tecnologias mais avançadas do mundo, cheio de arranha-céus com sistema de proteção contra terremotos, com trens-bala circulando em toda sua extensão e que exporta carros, computadores e aparelhos eletrônicos para todo o mundo. Assim é o Japão, tudo isso ao mesmo tempo, tudo junto e misturado e tudo combinado com harmonia.

Os costumes do Japão são bem diferentes do Brasil. Antes de ir, tente aprender o que pode e o que não pode para evitar gafes. Caso você cometa alguma, eles não vão gostar e também não vão dizer, ou seja, você será uma pessoa desagradável no país deles e nem vai saber disso.

Fazer barulho para comer ramen, o macarrão ensopado, não é falta de educação e significa que você está apreciando a comida. Já os ruídos de assoar o nariz não são bem vindos.  Os casais são discretos e dificilmente você os verá andando de mãos dadas na rua, imagine fazendo outras coisas. Espetar o ohashi no arroz pega mal, pois isso só é feito em cerimônias fúnebres. Ah! E cuidado para não usar meias furadas, já que para entrar em muitos lugares é preciso tirar os sapatos – templos e restaurantes fazem parte desta lista.

tradicao-e-modernidade-japao

 

5. Não espere um inglês fluente dos japoneses 

Uma coisa é fato: a maioria deles fala e entende muito pouco inglês. Os que sabem têm uma pronúncia ruim e que é difícil de entender, mas com algum tempo você acostuma.

Por exemplo, tem uma loja de conveniência que eles chamam de Sakuroke. Esse é o jeito que eles falam Circle K. O mesmo vale para Sebun Erebun, que é o Seven Eleven. Não precisa ir muito longe para ver essa forma característica deles pronunciarem assim, em São Paulo mesmo tem muitos restaurantes japoneses que servem um frango empanado chamado chicken furai, o que quer dizer frango frito (chicken fry).

Na dúvida, pergunte. Os japoneses são muito prestativos e sempre tentam ajudar, mesmo não falando a mesma língua que você. Nessas horas a mímica é linguagem universal. Porém, não espere que eles tomem iniciativa e te ofereçam ajuda por vontade própria, os japoneses não são as pessoas mais expansivas do mundo.

Outro ponto importante é que provavelmente você não vai entender as placas de rua se não souber ler japonês (se quiser estudar, prepare-se com antecedência, já que são mais de 2 mil caracteres para aprender). Não se desepere! Nas estações de trem e na maioria dos pontos turísticos elas estão também romanizadas e traduzidas para o inglês, em alguns casos também para o chinês, coreano, francês, alemão etc. Nos restaurantes os cardápios têm muitas fotos e maquetes de plástico dos pratos, então facilita muito saber o que você pode pedir.

 

6. Maquininhas em todo lugar

Os japoneses são os maiores fãs das jidouhanbaiki (vending machines). Há máquinas em todo lugar e com praticamente tudo – bebidas, salgadinhos, sopas, sorvete, vegetais frescos, livros, cigarro, brinquedos, amuletos, guarda-chuvas, aluguel de sapatos de boliche, de bicicletas e há até máquinas em sex shops que vendem pornografia. Alguns restaurantes substituem o garçom que tira os pedidos por uma máquina, como no Museu do Ramen de Yokohama.

Se você precisar de alguma coisa, sempre haverá uma maquininha na estação de trem, em um ponto turístico, em um shopping ou mesmo nos lugares mais inusitados, como no meio de uma plantação de chá. Basta colocar sua moedinha lá e escolher o que quer.

Leia também: Roteiro: Japão em 15 dias

Tem máquinas mais simples e até as mais high tech. Em algumas, o display é em tela de LED com função touch screen, outras reconhecem movimentos e cada hora surge uma novidade.

vending-machine-japao

 

 

7. Lojas 100-en são paradas obrigatórias

Provavelmente você já ouviu dizer que o Japão é um ótimo lugar para fazer compras, mas também que é um país caro.  Não vou negar que gastar dinheiro por lá é muito fácil e que o custo de vida também não é dos mais baixos, mas existem algumas lojas que valem a pena uma parada para comprinhas.

São as lojas de 100-en (lê-se: hyaku-en), onde todos os produtos a venda custam 100 ienes, o que vale aproximadamente 1 dólar (é claro, isso depende do câmbio). Existem infinitas lojas espalhadas pelo país, a mais famosa é a Daiso, que já tem até loja em São Paulo. Lá você vai encontrar um pouco de tudo: panelas, artigos de papelaria, meias, coisas para casa, produtos de jardinagem, maquiagem, balas, bolachas, salgadinhos etc, brinquedos, embalagens, tranqueirinhas no geral e muito mais. E não é porque é barato que é qualquer porcaria, os produtos costumam ser de boa qualidade!

Cuidado que de pouquinho em pouquinho a conta acaba ficando cara. E lembre-se que no Japão o valor dos impostos é adicionado ao produto no caixa, ou seja, na verdade os 100 ienes vão virar uns 110 ienes.

 

8. Multidões organizadas

O Japão tem  mais de 127 milhões de pessoas em 377 873 km², isso quer dizer muita gente em pouco espaço. Inevitavelmente você vai se deparar com trens lotados, multidões em um cruzamento ou filas para entrar em algum lugar. Só de pensar na muvuca já começa a dar preguiça de sair, certo? Mas incrivelmente as coisas são organizadas mesmo com tantas pessoas circulando ao mesmo tempo.

O famoso cruzamento de Shibuya, em Tokyo, é a prova disso – pessoas atravessando a rua em todas as direções, inclusive na diagonal, com seus passos apressados, mas da forma mais natural possível. Faz parte da educação dos japoneses respeitar as filas, independente do seu tamanho, e no horário de pico um guardinha com luvas super brancas empurra as pessoas para dentro dos trens.

Quem também usa luvas brancas são os taxistas. Lá eles dirigem na mão inglesa, ou seja, você deve embarcar pelo lado esquerdo e não encoste na porta para entrar ou sair. Ela abre e fecha automaticamente.

Cruzamento-shibuya-Japao

 

9.  Banheiros no Japão

Ir ao banheiro no  Japão é uma experiência interessante, por isso saiba escolher em quais você vai entrar. Eles podem ser altamente tecnológicos ou tradicionalmente orientais. Garanto que esse último você vai, no mínimo, estranhar.

Apelidado pelos brasileiros como motoquinha ou pocotó, é simplesmente um buraco no chão. Para usar você precisa agachar bastante senão vai virar a maior sujeira, a não ser que sua pontaria seja muito boa.  O lado correto é ficando de frente para o lado mais alto. Esse tipo de vaso sanitário é frequentemente encontrado em lugares públicos como aeroportos, estações de trem ou praças, mas você pode se deparar com ele em qualquer lugar. Os japoneses gostam do estilo oriental tradicional, pois acham mais higiênico, já que não há contato do corpo com o vaso durante o uso, assim  evita doenças.

Os modelos tecnológicos estão em locais mais “requintados” como shoppings, restaurantes, depatos (lojas de departamento) etc. Os modelos variam muito, há os que ficam com o assento quentinho no inverno, os que levantam e abaixam a tampa da privada sozinhos, aqueles que tem tantos botões que você não sabe como dar descarga e também os que não tem botão de descarga já que é tudo automático, tem até uns com musiquinha para disfarçar aquele barulho indesejado. É muita modernidade para um simples xixizinho, né?

Outro ponto diferente é que algumas privadas tem uma torneira em cima do reservatório de água que é acionada quando você dá descarga. Essa água é para lavar as mãos e, depois de usada, ela enche o reservatório para a próxima descarga. Pois é, os banheiros também são sustentáveis!

Alguns têm um chinelo na entrada, que deve ser calçado para usar o banheiro (esse é mais difícil de ser encontrado). Não se preocupe com papel higiênico, eles estão aos montes. As vezes 2 ou 3 portas-papel higiênico por cabine, sem contar os que ficam como reserva. Já papel para secar as mãos não tem. De vez em quando tem aquelas maquinas de vento, mas o normal é que você leve sua própria toalhinha. Compre uma nas lojas de 100-en.

banheiro japao

 

10. Visto japonês

Para brasileiros é obrigatório o visto para entrar no Japão e ele é chatinho de tirar. A lista de documentos é grande, mesmo para a categoria turista, e inclui cronograma de viagem, passagem de ida e volta e comprovante de renda, além de passaporte, formulário preenchido e pagamento de taxa, é claro. É importante ressaltar que depois de emitido, o prazo é de 3 meses para entrar no país, então não adianta tirar com muita antecedência ou fazer como o visto americano – vou tirar e se um dia precisar eu já tenho. Para mais informações, consulte o site do Consulado do Japão.

Uma vez no Japão, tire o re-entry se você pretende voltar. O processo é mais simples que tirar um visto novo e ele vale por 3 anos.

 

Onde se hospedar no Japão

Vou deixar aqui algumas dicas de lugares para ficar durante sua visita ao Japão.

Em Tokyo: Tokyo Ginza Bay Hotel (hotel cápsula), Khaosan World Asakusa Ryokan & Hostel (hostel) e The B Tokyo Asakusa (3 estrelas).

Em Kyoto: The Millennials Kyoto (hotel cápsula), Khaosan Kyoto Guesthouse (hostel) e Rinn Gion Kenninji (3 estrelas).

Em Hiroshima: Sejour Inn Capsule (hotel cápsula), Hostel Mallika (hostel) e Hotel Granvia Hiroshima (3 estrelas).

 

+ do Japão:

Descobrindo o Red Light District em Osaka, sem querer

Seja Maiko por um dia

Templos de Kyoto